OMS alerta sobre aumento de DST na era dos aplicativos de paquera

Foto: Thinkstock/VEJA/VEJA
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Clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. Essas são as doenças sexualmente transmissíveis mais comuns, afetando uma em cada 25 pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade destacou que surgem mais de um milhão de novos casos diariamente. Por ano, este número chega a 376 milhões. A faixa etária mais afetada por esse tipo de infecção está entre 15 e 49 anos. A OMS ainda alertou que um único indivíduo pode estar infectado por mais de uma DST ao mesmo tempo ou contrair várias ao longo do ano.De acordo com a OMS, o motivo para números tão altos é a negligência no uso da camisinha, que deveria ser utilizada em todas as relações sexuais, especialmente com parceiros encontrados através de aplicativos de namoro ou em bares e baladas. A falta do preservativo acontece porque o progresso da medicina na questão de tratamentos de infecções graves, como HIV, levam às pessoas a pensarem que, se não estão em risco de vida, não há necessidade de prevenção. No entanto, essas DSTs podem trazer inúmeras consequências para a saúdem como infertilidade, natimortos, gravidez ectópica e aumento do risco de HIV. Além disso, os microrganismos que provocam estas doenças estão cada vez mais resistentes aos tratamentos. No ano passado, por exemplo, foram registrados alguns casos de ‘super gonorreia’ no Reino Unido e na Austrália. “Com um aumento dos casos, podemos esperar que formas da gonorreia resistentes à medicação se tornem mais comuns em todo o mundo”, afirmou Tim Jinks, da Wellcome, uma organização de caridade no Reino Unido, à CNN. Por causa disso, especialistas ressaltam a importância de promover a educação sexual e o uso de preservativos, melhorar a vigilância de DSTs e desenvolver formas de diagnóstico e tratamento mais eficazes.

‘Sem declínio’

As doenças sexualmente transmissíveis são contraídas mediante sexo oral, anal e vaginal sem camisinha. Alguns podem ser passado de mãe para filho durante gestação ou parto, principalmente clamídia, gonorreia e sífilis – esta último ainda pode ser transmitida através do contato com sangue infectado. Segundo a OMS, as quatro infecções mais comuns podem ser tratadas com antibióticos, mas a escassez no fornecimento da medicação adequada tem dificultado o tratamento da sífilis. A aparição de bactérias super resistentes, como a da gonorreia, também representam uma ameaça à saúde. O relatório da OMS indica que, em comparação a 2012, não houve nenhum declínio significativo no número de casos. “Estamos vendo uma falta relativa de progresso em parar a propagação de infecções sexualmente transmissíveis em todo o mundo. Este é um alerta para um esforço conjunto para garantir que todos possam acessar os serviços de que necessitam para prevenir e tratar essas doenças debilitantes”, disse Peter Salama, da OMS, à BBC

Mais comuns

Tricomoníase: 156 milhões de casos por ano. Esta doença é causada por um parasita. Nos homens, o problema não costuma apresentar sintomas. Para as mulheres, é comum a aparição de corrimento vaginal com odor desagradável, coceira genital e dor ao urinar. 

Clamídia: 127 milhões de casos por ano. Esta infecção é causada por bactéria. Geralmente não apresenta sintomas. Quando aparecem incluem dor genital e secreção vaginal ou peniana.

Gonorreia: 87 milhões de casos por ano. Também provocada por bactéria, os sintomas incluem dor ao urinar e secreção anormal do pênis ou da vagina. Os homens ainda podem sentir dor testicular, enquanto as mulheres, dor pélvica. Em alguns casos é assintomática.

Sífilis: 6,3 milhões de casos por ano. Outra infecção bacteriana, a sífilis é dividida em estágios. No primeiro, surge uma ferida indolor na genitália, reto ou boca. Quando ela desaparece, começa a segunda fase, caracterizada por irritação na pele. Depois disso, não há mais sintomas. Entretanto, a falta de manifestação não indica cura e as consequências para a falta de tratamento são graves já que pode resultar em danos para cérebro, nervos, coração ou olhos.

Por isso é importante usar proteção durante as relações sexuais. A camisinha ainda ajuda a evitar gravidez indesejada.

Tratamento

Segundo Melanie Taylor, do departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, a maioria das infecções não apresentam sintomas, então, as pessoas não sabem que estão infectadas e por isso não procuram tratamento. A falta de sintomas també, permite que esses indivíduos continuem a fazer sexo sem proteção e transmitindo essas doenças para terceiros, que também deve manter o mesmo comportamento. Outro problema que dificulta a procura por tratamento é a vergonha de ter contraído a doença. “As infecções sexualmente transmissíveis estão em toda parte, são mais comuns do que pensamos, mas não recebem atenção suficiente”, destacou Teodora Wi, do departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, à CNN. (Veja)

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