O Conselho de Segurança da ONU realiza nesta sexta-feira (4) uma reunião de emergência após a tomada da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia. As forças russas seguem com as operações militares no país, neste nono dia da guerra, e estão cercando a capital ucraniana, Kiev.
A tomada do controle da usina, a maior de energia nuclear da Europa, aconteceu após um incêndio que durou quatro horas num prédio de treinamento do lado de fora do complexo do reator principal. O Serviço de Emergência da Ucrânia conseguiu controlar o fogo às 6h20 no horário local (1h20 no horário de Brasília). Os níveis de radioatividade não foram alterados, segundo informação do órgão regulador ucraniano repassada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Na reunião, o representante russo disse que Kiev cria “narrativas artificiais”. Ele endossou a posição de Moscou de que “sabotadores ucranianos” teriam entrado em conflito com forças russas, que, segundo o embaixador da Rússia, está sob tutela russa desde 28 de fevereiro.
O embaixador brasileiro, em sua fala, afirmou estar “quase constrangido em reiterar que encaramos circunstancias extremamente sérias”, e pediu por um cessar-fogo na região.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou as forças russas de atacarem intencionalmente a usina nuclear e pediu aos líderes mundiais que detenham as forças russas “antes que isso se torne um desastre nuclear”.
Os russos, por outro lado, acusam “sabotadores” ucranianos de serem os responsáveis pelo incêndio, um ato de “monstruosa provocação”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Logo após a confirmação da ocorrência, havia o temor de que o fogo provocasse um vazamento de material radioativo, o que não foi reportado. Em 1986, a Ucrânia viveu o catastrófico acidente nuclear ocorrido na usina de Chernobyl.
O porta-voz da usina de Zaporizhzhia, Andrii Tuz, afirmou que a central não sofreu nenhum dano crítico, embora apenas uma unidade de geração de energia entre seis esteja operando.
Além do cerco a Kiev, no restante do país, as forças russas seguem avançando e ameaçando importantes cidades ucranianas. Mariupol, no sul, ainda está sob controle ucraniano, mas “provavelmente cercada por forças russas”, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido. Em Kharkiv, segunda maior cidade do país, 33 civis morreram vitimas dos ataques russos nas últimas 24 horas. (CNN)