O pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) disse em sabatina nesta quarta-feira (10), no ciclo de entrevistas promovido pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo site UOL, que não está de “palhaçada” e que não venderá sua candidatura. O influenciador afirmou que deve contar com a União Brasil em sua coligação, mas que a legenda está cobrando caro pelo apoio.
O empresário não esclareceu, porém, o que de fato o partido pediu a ele. “Tipo minha alma. Não quero entregar isso”, disse.
Marçal acenou com apoio ao nome do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), para disputar a Presidência da República em 2026, e ofereceu à União Brasil a vice em sua chapa.
Na sabatina, o ex-coach afirmou que o endosso a Caiado, a quem chamou de amigo, está condicionado à continuidade da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Isso se eles vierem e a gente acertar os ponteiros. Se eu cresço um pouco mais [nas pesquisas], vai ficar mais barato o que eles estão me pedindo”.
Na pesquisa Datafolha mais recente, publicada na última semana, Marçal aparece com 10% das intenções de voto, atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23%. O influenciador está empatado tecnicamente com o apresentador José Luiz Datena (PSDB), com 11%, com a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7%, e com Marina Helena (Novo), com 5%.
O empresário também defendeu Bolsonaro, indiciado pela Polícia Federal no contexto da investigação sobre a venda de joias recebidas como presente pelo governo brasileiro.
Ele afirmou que o ex-presidente está sendo massacrado pela mídia e sugeriu que isso acontece como uma forma de desviar a atenção da população do aumento do gás e da gasolina. “Se Bolsonaro tem acesso aos presentes (…), o presente é dele. (…) Se não pode ficar com os presentes, eu duvido que ele vá ficar. É só devolver.”
No primeiro momento em que foi perguntado sobre o assunto, porém, o empresário afirmou: “Se não pode ser vendido no exterior, ele que arque com isso”.
Marçal também questionou a independência da PF: “Quem é a Polícia Federal nisso? A Polícia Federal é o ministro da Justiça”. Ele acusou a corporação de produzir notícias falsas, citando erro na conclusão do relatório do caso das joias. Inicialmente, o documento afirmava que houve desvios no valor de R$ 25 milhões —depois, a PF corrigiu o valor para R$ 6,8 milhões.
Fabíola Cidral conduziu a sabatina, com participação das jornalistas Raquel Landim, do UOL, e Carolina Linhares, repórter da Folha.
O influenciador também afirmou que quer ser prefeito de São Paulo porque tem o sonho de transformar o Brasil em um país de primeiro mundo. Disse que não tem interesse no salário do cargo e que o prefeito ganha menos do que um piloto de helicóptero contratado por ele.
Marçal afirmou que não é possível achar notícias boas sobre ele na internet porque não paga por isso e que gostaria de comprar seus próprios veículos de comunicação. “Tenho vontade de comprar uns dez sites iguais ao de vocês, UOL, Folha, para ver se controla esse país.” Questionado se o objetivo seria manipular a informação, ele respondeu que seria “para falar a verdade”.
De olho nos apoiadores de Bolsonaro, que endossa a reeleição de Nunes, o ex-coach disse que os eleitores do ex-presidente pensam e que não são movidos apenas por paixão. Marçal afirmou que tem recebido mensagens desses apoiadores, surpresos com seu desempenho.
O empresário também disse acreditar que o prefeito ainda se livrará do vice indicado por Bolsonaro, o ex-Rota Ricardo Mello Araújo (PL), colocando uma mulher na vaga, e que, com isso, o ex-presidente deixará a campanha. Marçal afirmou que ele próprio deseja uma mulher como candidata a vice e que está conversando com uma vereadora.
Ele, porém, não se comprometeu a indicar uma mulher para o cargo: “Se eu falar ‘eu quero uma mulher [para vice]’, e se ela for incompetente? Aí, beleza, agora pensa uma mulher competente, que não tem o mesmo ideal que eu, o que ela vai fazer com a prefeitura. Aí vou colocar o sexo em primeiro lugar e vou me ferrar”.
Questionado sobre ter sugerido que Tabata não tem condições de ser prefeita por ser solteira e não ter filhos, Marçal indicou que se referia ao que enxerga como imaturidade da deputada, a quem chamou de “garota”.
“Até te peço perdão se você achou isso [sobre suposto machismo a respeito de Tabata]. Mas faltou falar que ela não empreendeu, não pagou milhões em impostos, que ela é uma garota. (…) Hoje eu sigo ela, acompanho tudo que ela faz. Eu acho ela uma garota brilhante.”
O empresário afirmou que respeita as mulheres e falou sobre a relação com sua família: “Eu tenho minha filha Isabela, de dois anos, tenho a minha esposa, que eu casei virgem com ela, minha única namorada, eu tenho minha mãe que desde que meu pai divorciou eu sustento ela”.
No início do mês, em entrevista a um podcast da revista IstoÉ, Marçal sugeriu que Tabata abandonou o pai quando se mudou para os Estados Unidos para estudar na Universidade Harvard e que o suicídio dele teria sido consequência disso. O empresário não se retratou durante a sabatina e afirmou que a família é responsável quando uma pessoa se mata.
“Toda família é responsável pelos seus. Ninguém se mata do nada, ninguém entra no vício do nada. As pessoas que estão abandonadas nas ruas é porque a família abandonou”.
Perguntado sobre como lidará com a cracolândia, o influenciador respondeu que tratará os frequentadores “como família”. “Tratar essas pessoas como família, porque essas famílias já desistiram deles. Esse é o problema. [Tem] 63 mil pessoas na rua, se eu tivesse 20 Filipe Sabarás [coordenador de seu programa de governo e ex-secretário-executivo do Desenvolvimento Social] com a Arcah, que é uma ONG que tirou 3.500 pessoas, no máximo em dois anos a gente tira todo mundo”, disse.
Marçal também prometeu construir um “cinturão de teleféricos” interligando as favelas da cidade, como solução para a mobilidade urbana. “Vamos transformar as comunidades em polos turísticos e gastronômicos. Aí vamos colocar um teleférico rasgando o céu de São Paulo. Em vez de só se preocupar com tarifa de ônibus, nós vamos colocar esse teleférico”, afirmou.
Questionado se manterá a tarifa zero dos ônibus aos domingos, caso eleito, o influenciador primeiro respondeu que imagina que a população não queira rodar a cidade durante o fim de semana, mas sim descansar. Depois, como de costume, redirecionou o discurso e disse que consultará o povo sobre a continuidade da medida.
Ao longo da sabatina, Marçal traçou comparações entre ele e outros líderes políticos. Questionado sobre como financiará a campanha, ele respondeu que não usará o fundo partidário e mencionou a arrecadação obtida pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump na corrida eleitoral deste ano.
Perguntado sobre como fará para angariar votos e chegar ao segundo turno, o empresário disse que Bolsonaro também enfrentava questionamentos sobre ter um teto limitado de eleitores em 2018, mas que acabou se tornando presidente. Sobre sua taxa de rejeição, Marçal respondeu que o presidente Lula era o candidato mais rejeitado e que, ainda assim, se elegeu.
Pablo Marçal é bacharel em direito. Empresário e influencer, tem mais de 10 milhões de seguidores no Instagram. Tentou concorrer a presidente e deputado federal pelo Pros em 2022, chegando a ser eleito no segundo caso, mas a Justiça derrubou as candidaturas em meio a uma disputa pelo comando da legenda.
Além dele, outros três postulantes foram convidados. Nesta sexta-feira (12), às 10h, será a vez do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Na segunda-feira (15), também às 10h, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) será entrevistado, e na terça-feira (16), às 10h, participará José Luiz Datena (PSDB).
Fonte: Política Livre