Paiva critica primeiro tempo do Bahia em empate: ‘Confusão tremenda’

Treinador vê melhora em segundo tempo, mas afirma: ‘Não vou satisfeito para casa’

Renato Paiva em entrevista coletiva (Felipe Oliveira/EC Bahia)

O jejum do Bahia no Campeonato Brasileiro continua. Neste sábado (20), o Esquadrão empatou em 1×1 com o Goiás, na Arena Fonte Nova, e chegou ao terceiro jogo na Série A sem vencer – o time já vinha de duas derrotas, para Santos (3×0) e Flamengo (3×2). Após o fim da partida, o técnico Renato Paiva reconheceu que a equipe não esteve em um dia bom.

O tricolor começou mal a partida, com muitos erros. Ainda assim, conseguiu sair na frente no placar ainda no primeiro tempo, com Everaldo. Mas levou o empate seis minutos depois, com Bruno Melo. Paiva criticou a atuação do time na etapa, ao que chamou de ‘confusão tremenda’.

“Divido o jogo em duas partes. Na primeira parte, tivemos muitos incômodos. O Goiás melhor que nós, coletivamente. Não acertamos as marcações, uma confusão tremenda dentro de campo. Tive quase que mandar parar o jogo para fazer alguns acertos. A equipe não entrou bem, perdeu passes, erros não forçados. Fomos recompondo aos poucos, mas sem ser brilhante. Sem ser aquele futebol que estávamos fazendo. Fizemos o primeiro gol com alguma sorte. Mesmo sem merecer, se é que se pode falar em merecer, chegamos à vantagem”, disse.

“Pensava que isso iria tranquilizar a equipe. Não tranquilizou. Depois sofremos um gol infantil. A bola passa em um espaço mínimo, a barreira abre. Uma falta desnecessária. Muitos erros que a equipe cometeu”, completou.

A insatisfação fez o treinador mudar no intervalo. Paiva sacou Gabriel Xavier e colocou Acevedo, alterando o esquema de 3-4-3 para 4-3-3. Na visão dele, houve maior equilíbrio, mas ainda longe do que esperava para a partida.

“Tentei ter uma equipe mais ofensiva, porque era um jogo que estava muito mais preocupado em atacar o time adversário, trabalhando os desequilíbrios para evitar contra-ataques. No intervalo, senti que a equipe não estava bem, e decidir mudar para o 4-3-3. Na segunda parte, sem sermos brilhantes, fomos melhores do que na primeira parte. Com mais bola, mais equilibrados, menos espaço para o adversário nos atacar. Não conseguimos ser o time que eu quero. Satisfeito não estou. Estou satisfeito com o esforço dos jogadores, mas, com a qualidade, não estou. Não vou satisfeito para casa nem com a exibição, nem com o resultado”, avaliou.

Paiva confessou que esperava o Goiás com uma forma de sair diferente. O treinador disse que errou na preparação para a partida, o que acabou causando o desempenho ruim do time.

“Os erros foram dois. Primeiro meu, porque me preparei, ao ver o Goiás, em uma saída a três. E o Goiás fez uma saída a dois. A ideia era bloquearmos com três na frente para que a saída de três não fosse efetiva. Sabia que se déssemos espaço, o Goiás iria jogar. Tive que parar para corrigir. Para acertar, colocar Everaldo mais baixo, e deixar Biel e Ademir mais centralizados. Um pouco de minha preparação, mas também da leitura deles. Mas assumo essa responsabilidade sem problema nenhum. Nós, às vezes, nos oreparamos em função da análise do adversário mas, obviamente, eles também tentam fazer isso. Enganar, mudar, faz parte. Nesse aspecto, não estivemos bem”, afirmou.

O outro erro apontado pelo técnico foi um cansaço por parte dos jogadores. Principalmente mental, com o acúmulo de várias partidas e viagens em sequência.

“Depois, acho que senti os jogadores com o cansaço do acumulado dos jogos. Cansaço mental, os erros não forçados. Tem um pouco a ver com isso, não com treino. Praticamente não treinamos. É um ciclo de jogos pesados, viagens. Fui sentindo como estavam. Biel e Ademir dão sempre uma verticalidade, mas não… Melhoramos na segunda parte, mas algumas situações não controlamos. Os gols que falhamos, os erros. Os jogadores não erram porque querem. É um jogo que não me deixa satisfeito”, assumiu.

Agora, o Bahia terá uma semana livre para treinos. O Esquadrão só volta a entrar em campo no próximo fim de semana, para enfrentar o Internacional, pela 8ª rodada do Brasileirão. O jogo será no domingo (28), às 16h, no Beira-Rio, em Porto Alegre. 

“Precisamos sempre de tempo para trabalhar. Nesse caso, precisamos de mais tempo para recuperar porque foram duas semanas intensas, entre jogos e viagens. Tempo sempre ajuda a ajustar algumas coisas, a recuperar lesões. Vamos partir para dois jogos fora no campeonato, jogos complicados, contra Internacional e Fortaleza”, disse Paiva.

O técnico também descartou preocupação com a situação do Bahia na tabela da Série A. Após o empate, o Esquadrão chegou aos 7 pontos, apenas dois a mais que o Corinthians, que abre o Z4. Vale lembrar que o Timão ainda joga na rodada.

“Muito cedo para falar de rebaixamento. Obviamente, em casa, temos pelo menos o dever e a obrigação de ganhar grande parte dos jogos”, comentou.

“Falar da tabela neste momento, só se estivesse afundado na última posição, muitos pontos atrás. Há muito caminho pela frente, sabemos muito bem quem somos e o que estamos fazendo. Continuar a trabalhar e usar esse tempo para crescer”, finalizou.

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Renato Paiva

Esquema não funcionou (3-4-3)
Temos que nos lembrar dos outros jogos que fizemos bons no 3-4-3. Nunca vou entrar em euforias ou depressões. Contra o Santos, foi um apagão total. A equipe deu espaços ao Santos. Fico com a questão que hoje, nesse 3-4-3, você não tem dois meias mais defensivos. O que a gente tentou ter foi um meia mais defensivo, que foi o Thaciano, e o Ademir mais perto da área, com Cauly e Biel mais por dentro. Olhamos para o jogo e queríamos ganhar. Por isso, colocamos essas peças ofensivas. O que poderia ter entrado em conflito para jogarem essas peças todas? O terceiro zagueiro. Poderia ter colocado Acevedo e tirado o zagueiro. É um sistema que vou aproveitar essa semana para trabalhar. Não funcionou. Às vezes, a gente acerta, em outras, não. Faz parte, o adversário também joga, o treinador toma suas decisões. Não encaixamos na tática e no sistema do jogo. Em especial, na primeira parte. Na segunda parte, estivemos melhor. Tentei ser mais ousado, não funcionou, mas a intenção foi sempre ganhar o jogo.

Contratações na segunda janela
Falamos muito sobre isso, e estamos obviamente muito atentos a oportunidades de negócios que possam existir para completar uma lacuna ou outra no plantel. Que há, sabemos. De forma cirúrgica, não vamos contratar não sei quantos jogadores. Mas minha preocupação é trabalhar com o grupo que tenho. Gosto muito do grupo, tenho jogadores fantásticos. Os jogadores têm ciclos. Há jogadores que começaram mal e agora estão em boa fase, outros começaram bem e não estão tão bem. Estamos atentos e certamente haverá alguma intervenção, mas, nesse momento, minha preocupação é trabalhar com o grupo que tenho.

Esquema utilizado
O que eu queria era um encaixe. Thaciano para me equilibrar, à frente dos três zagueiros. Cauly não é um jogador de características de marcação, mas olho sempre o jogo com características ofensivas. Sabendo dos riscos que correria. O problema foi que a equipe não soube interpretar. Tive que parar o jogo para corrigir, nossos dois médios contra três deles. Foi aí que o Goiás jogou. Quando começamos a encaixar, o Goiás começou a bater mais bolas, a jogar menos. Quando entra com equipe ofensiva, o que tem que fazer é não deixar a equipe adversária jogar. Queria aproveitar a força da Fonte Nova, pressionar o adversário, obrigá-los a bater e retomar. Pensei uma coisa, essa coisa não aconteceu. O Goiás acaba fazendo o gol de forma inesperada. Hoje, se ganhasse, não iria satisfeito para casa com o que fizemos. Isso vai ser sempre meu padrão. 

Desempenho de criação
Tivemos oscilações. Tivemos momentos bons, outros não tão bons. Muita perda de bola. Não entramos bem no jogo, não entramos como eu queria. Queria pressionar o Goiás, mais posse de bola. Queríamos que a bola fosse por fora para depois ativar os jogadores por dentro. Mas não conseguimos fazer isso. Porque perdíamos a bola. Não saiu da forma como queríamos. Momentos interessantes, outros que não foram bons. Há coisas que não consegue controlar. Jogadores tem dias melhores e piores, assim como eu. Mesmo assim, poderíamos ter ganho o jogo. Ofensivamente, deveríamos. Com tanta peça, deveríamos ter sido melhores, e não fomos.

Força da Fonte Nova
A Fonte Nova fez sua parte e apoiou do primeiro ao último minuto. Durante o jogo, [os torcedores] fizeram trabalho excelente. Pena que a equipe não tenha correspondido em termos de exibição. Estiveram presentes. Depois, no fim, têm direito a se manifestar. Queria aproveitar melhor essa força. Não aproveitamos. Contra Botafogo e Flamengo, foram detalhes. Fomos melhores e não fomos efetivos. Vamos somando oportunidades perdidas atrás de oportunidades perdidas. E os adversários não precisam muito para fazer gols. Não lembro, tirando contra o Santos, jogo em que fomos massacrados. Não houve. Isso está nos penalizando. Isso só passa com trabalho. Vamos tentar aproveitar. Hoje teríamos obrigação de ganhar. Não fiquei feliz nem com o resultado, nem com a exibição.

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