Pandemia faz valor de aluguel de imóvel cair

Foto: Divulgação

Em meio às dificuldades econômicas causadas pela pandemia da Covid-19, quatro dos 10 bairros que concentram a maior quantidade de ofertas de imóveis para alugar em Salvador tiveram queda no preço médio do metro quadrado em maio. Dados do relatório mais recente de inteligência imobiliária da APSA – empresa de soluções para moradias urbanas – colocam a Pituba como o bairro que teve a maior queda de preço, -6,87%. Seguido por Graça (-4,63%), Rio Vermelho (-2,41%) e Armação (-2,08%).

O bairro com o metro quadrado mais caro permanece sendo Ondina (tendo uma alta de +0,64% no último mês), e Giovani Oliveira, gerente-geral de imóveis da APSA, explica que, mesmo que a procura oscile bastante na área, se o imóvel estiver em boa condição, ele acaba sendo alugado. “Mas o que todos esses números querem realmente mostrar é quanto o setor tem sido afetado aos poucos pela pandemia. Os interessados existem, mas tudo tem dependido da localização”.

Um caso interessante, comenta o gerente, é o da Pituba. Mesmo sendo um bairro tradicional e misto – com muito comércio nas ruas principais e imóveis nas ruas internas, o que sempre atrai interessados –, sofreu essa queda no preço possivelmente pelas ofertas estarem muito acima da procura, “então há uma retração bem maior, já que muitos imóveis estão sendo ofertados na região, mas pouca gente tem procurado alugar um imóvel por lá”.

Mercado

Porém essa queda de preço ainda não está sendo muito sentida, afirma José Noel Santos da Silva, diretor do Creci e proprietário da Nnova Imobiliária. O mercado imobiliário vinha numa crescente e estava a todo vapor até o final de 2019, ele explica, mas com a chegada da pandemia o setor congelou e então começou a cair. No entanto, quando falamos de aluguel, essa queda foi pouca e por pouco tempo.

“As pessoas adiaram a decisão de comprar e partiram para a locação, então essa modalidade tem conseguido se manter. A redução de valor tem sido muito pouca, mas acredito que nos próximos meses isso vai se acentuar. Infelizmente o cenário mostra que a tendência é piorar”. Mas há um contraponto, afirma o diretor: com a taxa Selic a 3%, os investimentos financeiros estão deixando de ser um bom negócio, e isso vai fazer com que muita gente passe a investir em imóveis.

“Os imóveis são investimentos bastante seguros, afinal o mercado imobiliário sempre sobrevive porque é o que representa a necessidade de ter lar. Por isso acredito que muitos dos que não investem em imóveis vão aos poucos criar interesse agora que, de forma geral, a economia está tão balançada”. Quem também não viu uma grande redução no valor dos aluguéis foi o corretor Adalberto Duque, proprietário da Duque Imóveis.

Há 25 anos trabalhando no setor imobiliário, ele afirma que, apesar do susto inicial, o interesse dos clientes tem crescido gradualmente. “A queda tem sido na procura, não no preço. Permaneço trabalhando e os valores continuam praticamente os mesmos. A dificuldade no momento é mostrar os imóveis para os que voltaram a ter interesse. Porém, se for para citar uma mudança nos aluguéis, ela seria sobre os acordos, que têm crescido muito, principalmente nos imóveis comerciais”, ele conta.

Celeste Chaves, proprietária da imobiliária Celeste Chaves Imóveis, disse que também sentiu o interesse do cliente voltar timidamente e os preços se manterem. “Por volta do dia 15 de abril os clientes voltaram a procurar por imóveis. O mercado está respondendo, mesmo que lentamente. E em meio a isso, mesmo agora, não senti nenhuma grande mudança ou redução nos valores de aluguel. Houve um período tímido na procura, as visitas reduziram muito, mas os valores não”, disse.

Tecnologia

A corretora acredita que um fator que tem contribuído para que o setor não pare é o investimento que foi feito para que as imobiliárias e profissionais aderissem à tecnologia. E, como consequência, os próprios clientes foram se habituando. “Isso já vem acontecendo tem uns nove anos e a aceitação do público cresceu ainda mais durante a quarentena. Com esses clientes retornando, podemos perceber que a economia não vai parar”, ela afirma.

Aquilo que já era feito no setor em termos de tecnologia só precisou ser intensificado neste momento, no qual as imobiliárias, proprietários e clientes precisam perceber que o agora vai se tornar o ‘novo normal’. Na APSA por exemplo, afirma Giovani, o processo de seleção já é digital na maioria das etapas, e clientes podem usar o site ou aplicativo durante todo o processo. As medições apontam que o uso de aplicativo subiu 200% nos últimos dois meses.

“Desde 2018 a empresa já investiu R$ 6 milhões em soluções tecnológicas. E hoje está claro que é um movimento sem volta, um ‘novo normal’, onde a tendência é evoluir ainda mais. A pandemia impulsionou os clientes que não tinham este hábito, e esse tipo de negociação está entrando em normalidade, uma realidade também de outros setores”, explica Giovani. (A Tarde)

google news