Em tempos de isolamento social em que se repete tanto a frase “fique em casa”, a polícia pode ter ganhado um aliado em Itacimirim. Um grupo de sete vira-latas circula pelas praias e ameaça atacar os passantes, por vezes concretizando o ataque. Isso tem causado temor nos moradores da área, que indicam pelo menos oito vítimas dos cachorros, duas delas crianças.
Segundo o jornal Correio, uma das vítimas foi o filho da advogada Júlia Santiago, que tem apenas sete anos. “Ele recebeu três mordidas, ficou com as costas e o braço direito ferido, e a roupa toda rasgada. Chegou em casa aos trapos”, disse à mãe. O garoto, que voltava da praia com a avó quando sofreu o atentado, ficou com trauma e passou a temer os animais.
Outra vítima foi a doméstica Selma da Silva, mordida quando caminhava na praia. Ele disse que chegou a gritar por socorro, mas ninguém ajudou. O ataque lhe deixou com um hematoma na perna por 10 dias. “A sorte foi que eu estava de calça legging, então não conseguiram me morder muito”, explica. “Hoje eu só ando na rua com um porretinho na mão pra poder me defender”, ressalta a mulher.
De acordo com a publicação, a matilha não fica apenas na praia. Os cães percorrem as ruas de barro e os calçadões de condomínio mordendo pessoas e cooptando novos membros para o grupo.
Diante dos sucessivos casos, registrados desde março, o Conselho Comunitário de Segurança de Itacimirim e da Barra do Pojuca formalizaram uma queixa no Centro de Controle e Zoonoses (CCZ) da Prefeitura de Camaçari. No entanto, o CCZ disse que não poderia atender a solicitação e o grupo resolveu acionar o Ministério Público da Bahia (MP-BA) em busca de providências. Em nota, o MP-BA disse que enviou ofício à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e solicitou a apuração dos fatos. Segundo o promotor de Justiça Luciano Pitta, a atuação da prefeitura em relação aos animais de rua já motivou diligências por parte da Promotoria. Ele conta que, em junho de 2019, foi ajuizada uma Ação Civil Pública contra o município “buscando impor à Prefeitura a criação de estudos técnicos para avaliação da situação dos animais na municipalidade, bem como objetivando a criação de políticas públicas voltadas ao controle destes animais”. Mas ainda não houve julgamento.
Enquanto os órgãos públicos não adotam medidas, proprietários de casas dos condomínios procuraram um abrigo para receber esses cães. Cada um contribuiu com R$ 30 para bancar os custos com vacina, medicamentos e ração dos animais. A previsão é de que eles sejam recolhidos para o Abrigo Recanto Grandes Amigos de Margareth Brito, em São Sebastião do Passé neste sábado (27). (BN)