A Defesa Civil de Betim foi acionada por volta de 23h. “Fomos informados que o prédio estava em colapso e que várias famílias tinha sido retiradas de suas residências. Nossa equipe da Defesa Civil, os bombeiros e a Polícia Militar deslocaram para o local. A equipe de bombeiros, juntamente com os engenheiros da Defesa Civil fizeram uma avaliação prévia e constataram que o imóvel realmente tem que ser demolido. Ele não apresenta condições de restauração”, explicou o coronel Walfrido de Assis Lopes.
Ao todo, 15 famílias de imóveis vizinhos foram retiradas de suas casas. “As nossas próximas providências serão entrar em contato com o proprietário do imóvel, determinando a demolição e perguntando quais as providências ele tomará em relação aos moradores que foram retirados de suas casas. Essas 15 famílias só poderão retornar quando a Defesa Civil verificar que a situação encontra-se segura. Essas famílias receberão todo o apoio seja por parte do proprietário do imóvel ou por parte da prefeitura caso esse proprietário não adote as providências. Ainda não é possível apontar as causas dessa inclinação”, detalhou.
O engenheiro civil responsável pela obra, Jorge Luiz França Cajá, informou que só vai se pronunciar após a apuração das causas do tombamento da estrutura.
Famílias já estavam dormindo quando precisaram sair às pressas dos imóveis
A família de Dalila Silva, de 21 anos, mora ao lado do prédio, pela entrada da rua Ronie Peterson, e todos já estavam deitados quando os barulhos começaram.
“Moro com meus pais e minha irmã. Fomos dormir cedo, lembro que alguma coisa caiu e meus pais começaram a gritar, falando para sair. Não sabíamos que era o prédio, nós assustamos. Saímos com a roupa do corpo, outros vizinhos que deram chinelos e blusas. Todos os celulares estão dentro da casa”, contou.
A dona de casa Alessandra de Paula, de 41 anos, estava com a filha e o marido dentro da residência.
“Eu moro em frente ao prédio, na casa da esquina. Ontem deu um tremor e, depois de uns minutos, a vizinhança começou a gritar que o prédio estava caindo. Agora estamos na rua e não podemos entrar em casa, o andaime pode cair no nosso imóvel. O jeito é aguardar” afirmou.
O que diz a prefeitura
A Secretaria de Ordenamento Territorial e Habitação de Betim se pronunciou, por meio de nota oficial, sobre o tombamento do prédio no bairro Ponte Alta. De acordo com o órgão, as famílias desalojadas estão sendo cadastradas para receber o apoio necessário. A prefeitura exigiu que a empresa proprietária do prédio realoque as famílias, sob pena de ser acionada judicialmente. A demolição do prédio também foi solicitada, atendendo a recomendação da Defesa Civil.
Leia o comunicado na integra:
De acordo com a Superintendência Municipal de Defesa Civil, 15 famílias foram evacuadas das proximidades do prédio que tombou no bairro Ponte Alta, em Betim, na madrugada desta quarta-feira, 18. Engenheiros da Defesa Civil fizeram a vistoria nas moradias em torno do prédio, evacuaram as casas e isolaram a área. Apenas uma das casas vizinhas foi atingida por tijolos e entulhos que se desprenderam do prédio na hora do tombamento. A Guarda Municipal está atuando para evitar que os moradores transitem no local. As famílias foram para casas de parentes e amigos.
Neste momento, a Prefeitura segue atuando efetivamente no primeiro acolhimento aos atingidos. Uma assistente social esteve no local e providenciou água e refeição para quatro famílias, totalizando 8 pessoas, que estão acompanhando o trabalho da Defesa Civil. As famílias desalojadas estão sendo cadastrados neste momento.
Representantes da Procuradoria-Geral do Município reuniram-se, no início desta tarde, com o advogado da Construtora Abrahim Hamza Contruções Eireli, responsável pela obra. A prefeitura exigiu que a empresa realoque as famílias imediatamente, sob pena de acionar judicialmente a empresa. Foi requerido, também, que a construtora faça a demolição do prédio, conforme recomendação da Defesa Civil.
De acordo com a Secretaria Municipal de Ordenamento Territorial e Habitação, a obra estava devidamente licenciada, possuía Alvará de Construção, Licença Ambiental e responsável técnico cadastrado nos órgão responsáveis.
Problema na fundação pode ser a causa do tombamento
O engenheiro civil Thiago de Oliveira acredita que o tombamento foi causado por um problema de fundação, mas que é necessária uma análise do projeto para entender o que aconteceu. “São várias causas que podem levar ao ocorrido, mas tudo indica para um problema de fundação. Costumamos dizer que a fundação é o coração da obra e que precisa de ser muito bem feita e profunda, levando em consideração a análise de solo”, explicou.
Avaliação semelhante foi dada pelo engenheiro calculista Ricardo Diniz Meireles, que destacou que a chuva pode tirar a sustentação de uma obra, principalmente no caso de uma chuva forte como a que foi registrada na região. “Existe um movimento que chamamos de percolação, que é quando a água do solo retira partículas sólidas ao longo do tempo, com a chuva esse processo se acelera e pode tirar a resistência da sustentação de uma estrutura”.
Fernando Rodrigues Costa trabalha com sondagem de solos e recentemente fez uma avaliação de solo em um condomínio que fica a poucos metros de onde o prédio tombou. Ele conta que a região apresenta um solo bastante arenoso e com um nível de água bastante próximo ao solo. “Com a sondagem encontramos água com cinco metros, só oferecendo resistência depois de 8 metros. O que indica um solo com baixa resistência para projetos grandes, pois a fundação aumenta muito o preço da obra, podendo até triplicar o preço do projeto”, conta. (O Tempo)