Primeiro turno teve sete vítimas de violência política por dia

Eleições de 2024 registram o ano mais violento da história, com destaque para assassinatos e atentados contra candidatos e políticos em exercício

urna eletrônica. Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE

O primeiro turno das eleições municipais deste ano foi marcado por um aumento expressivo de casos de violência política. Entre 16 de agosto e 6 de outubro, o Brasil registrou 373 ocorrências de violência contra candidatos e políticos em exercício, de acordo com a 3ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, lançada pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global.

A pesquisa aponta que, com 518 casos de violência política ao longo de 2024, o ano já é considerado o mais violento da série histórica. No primeiro turno, foram contabilizados 10 assassinatos, 100 atentados, 138 ameaças, 54 agressões e 51 casos de ofensas, além de criminalizações e invasões. O levantamento mostrou que, em média, sete vítimas foram registradas por dia no período eleitoral, número superior à média de dois casos diários observada no primeiro turno das eleições de 2022.

Os dados indicam que o maior pico de violência ocorreu entre 1º e 6 de outubro, véspera do pleito, com 99 ocorrências, o equivalente a 16 casos por dia. O estado de São Paulo lidera o ranking de casos registrados, com 14 ocorrências de violência política.

Disparidades raciais e de gênero na violência política

A pesquisa também revelou que pessoas negras foram as principais vítimas de violência letal. Entre as 24 mortes registradas em 2024, mais de 40% ocorreram no período eleitoral, e oito em cada dez vítimas de homicídios eram pretas ou pardas. No total, 44% das vítimas de violência política no primeiro turno eram negras, correspondendo a 164 casos.

Mulheres, que representaram apenas 33,96% da participação política nas eleições, foram alvo de 35% dos casos de violência política, somando 128 ocorrências. O tipo de violência mais comum contra mulheres, tanto cisgênero quanto transgênero, foi a ameaça, com 56 casos. O relatório também destaca oito denúncias de vazamento de vídeos íntimos e montagens de nudez envolvendo candidatas, um indicativo de machismo e misoginia no processo eleitoral.

Casos por região

  • Sudeste: São Paulo (50), Rio de Janeiro (38)
  • Nordeste: Paraíba (24), Bahia (23)
  • Norte: Pará (16), Amazonas (10)
  • Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul (10), Mato Grosso (9)
  • Sul: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná (17 cada)
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