Psicóloga cristã diz que Round 6 ‘banaliza perversidade, terror e zombaria’

Cena de Round 6, com "fiscais" responsáveis pela execução dos jogares chegando resultados do jogo - Reprodução/Netflix Leia mais em: https://veja.abril.com.br/cultura/round-6-se-torna-a-serie-de-maior-audiencia-da-historia-da-netflix/

O mais recente sucesso da Netflix, a série Round 6 tem despertado inúmeras críticas por conta da violência explícita. Escolas têm alertado aos pais sobre a inadequação do conteúdo para crianças, e a psicóloga cristã Marisa Lobo publicou artigo pontuando aspectos negativos da produção.

Marisa Lobo diz que temas como “sexualidade, violência, saúde mental, abuso de drogas, dinâmica relacional entre pais e filhos, autoestima e inúmeros outros assuntos” estão presentes na série, “explorados de modo negativo”.

Round 6, segundo a psicóloga, é uma um dos programas da cultura pop que se ancora na “banalização da violência”, algo comum no audiovisual dos últimos anos. Não à toa, a série se tornou a produção de maior audiência da história da plataforma de streaming.

“Diferente do que acontece em filmes de ação, policiais ou de suspense, nos quais o crime é retratado da forma que merece – ou seja, sendo condenado, combatido e moralmente repudiado –, alguns filmes com conteúdos extremamente populares no mundo atual fazem o inverso disso, chegando até a romantizar situações trágicas como o suicídio”, contextualizou.

O contexto de Round 6 envolve pessoas endividadas, sem perspectiva de retomar o controle das próprias finanças e da vida, e que se submetem a um jogo sórdido, criado para entreter pessoas ricas, e passam a lutar pela sobrevivência.

“O fato é que, nesse jogo, vale praticamente tudo pela sobrevivência, inclusive a violência extrema. Há cenas de assassinato, suicídio, sexo, pederastia, tráfico de drogas. Muito do que não presta é explorado e exibido na série Round 6”, comentou Marisa Lobo.

A psicóloga viu com preocupação o fato de que “os desafios dos personagens são baseados em joguinhos infantis”, o que atrai o público errado para esse tipo de produção:

“Toda a violência está associada a uma linguagem infantil, que são os jogos. Com isso, crianças e adolescentes são facilmente atraídos para algo aparentemente ‘inocente’, mas que, no final das contas, só explora a perversidade, o terror e a zombaria de forma banalizada”.

“O meu conselho aos pais é claro: não permitam que os seus filhos assistam à série Round 6. Sei que é difícil, em alguns casos, controlar isso, sobretudo com relação aos adolescentes. Nestes casos, recomendo que, antes da proibição, vocês se sentem juntos e conversem. Recomendo isto mesmo com jovens enquadrados na classificação indicativa, que é de 16 anos”, sugeriu, no artigo publicado pelo Pleno News.

Essa iniciativa, segundo a psicóloga, tem potencial de “quebrar barreiras e conscientizar” a respeito dos efeitos que a série pode exercer sobre o subconsciente: “Mostre que a exposição a cenas de violência extrema, especialmente de forma banalizada, traz prejuízos emocionais e psicológicos a longo prazo”.

“Jovens propensos à violência e à depressão podem se ver influenciados negativamente por conteúdos desse tipo. Foi o que aconteceu com a série 13 Reasons Why, na qual a romantização do suicídio impactou milhares de jovens pelo mundo, causando um aumento considerável de suicídio entre eles, segundo um levantamento feito por universidades e hospitais dos Estados Unidos e pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM) daquele país”, concluiu Marisa Lobo.

Gospel + por Tiago Chagas

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