Quase 60 animais, entre cães e gatos, foram achados com sinais de maus tratos dentro de um imóvel em Vila de Abrantes, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. A informação foi confirmada por Emerson França, comandante da Brigada K9, formada por integrantes do Corpo de Bombeiros. Uma mulher é suspeita do crime.
A parte prática da operação, que envolveu o resgate de alguns dos animais, ocorreu das 10h às 21h de segunda-feira (18). No total, foram identificados 33 cães e 25 gatos.
Apesar disso, como explica o comandante, a operação começou há um mês – ainda com o processo de investigação. Já os animais foram encontrados com sinais de maus tratos no último final de semana.
“Passamos um mês levantando informações e pesquisando, depois que recebemos denúncias de moradores próximos ao imóvel, até que resolvemos entrar no local para alimentar os animais. Fomos dois dias constantes para fazer isso e ver se alguém aparecia também, mas ninguém apareceu” disse.
O comandante afirmou ainda que a casa estava bastante suja e que muitos animais estavam debilitados e presos. Alguns nem conseguiam enxergar.
“Os animais estavam espalhados nas fezes e urinas. Estavam sujos. Tinha ratos e baratas por toda parte. O cenário era uma podridão. Os animais não enxergavam direito. Outros não andavam e tinham unhas grandes, que acabavam ferindo a pele deles. Alguns também estavam sem pelos. Eles estavam debilitados”, contou.
Por causa da situação, a brigada montou uma força-tarefa para fazer o resgate na segunda. No total, 30 pessoas, entre o pessoal da brigada, cuidadores de animais e policiais militares, participaram da ação.
Na ocasião, todos os 33 cães, que estavam mais feridos e eram mais idosos quando comparado com os gatos, foram retirados do imóvel. Uma parte foi para um sítio em Camaçari. E outra para um abrigo em Salvador.
“Todos vão passar por avaliação médica para depois ser adotados. Eles precisam de consultas. Precisam ser avaliados”, pontuou Emerson França.
Já os 25 gatos serão retirados do local nesta terça-feira (19). Eles também serão levados para abrigos e serão consultados. O caso foi registrado na 26ª Delegacia Territorial.
Mulher suspeita
Ainda de acordo com o comandante Emerson, uma mulher é suspeita de cometer o crime. Ele pontua que ela fingia ser cuidadora de animais para conseguir dinheiro das pessoas. Mas, na prática, cometia maus tratos.
“As investigações apontam que ela recebia dinheiro das pessoas dizendo que cuidaria dos animais. Ela afirmava que tinha um canil e que precisa de dinheiro para cuidar dos animais. Então, ela pegava dinheiro das pessoas. Ainda estamos em investigação para localizar onde ela está”, disse.
Ele contou ainda que o imóvel era clandestino e que não tinha nenhum registro legal para atuar como canil. Além disso, a mulher ia pouco ao local e muitas vezes jogava animais mortos na rua.
“É uma casa disfarçada de abrigo, mas não tem registro, nada. É uma coisa clandestina e abandonado. Estava tudo abandonado. Ela ia muito pouco. E quando morria um animal ela jogava do lado de fora, na rua. Os vizinhos falavam do fedor. Aí foram denunciando”, completou.
“Cena horrível”
Para o comandante, a situação foi horrível. Ele conta que, em 17 anos de liderança, nunca presenciou situação parecida.
“A gente faz muitos resgates, mas desse grau não. Essa foi a pior de toda. Desses 17 anos que tenho comandado a brigada, esse foi o pior [resgate] de maus tratos. Foi uma cena horrível”, revelou.
Ele afirmou ainda que as pessoas ficaram chocadas.
“Teve protetores, que já estão acostumados a ver coisa parecida, que não aguentou. Todo mundo ficou comovido. As pessoas ficaram chocadas. É um absurdo com um crime desse. Os animais não fazem mal a ninguém”, concluiu. (G1)