Quase metade da população de Salvador vive em ruas sem calçadas, aponta IBGE

Capital baiana lidera ranking nacional das capitais com maior número de moradores em vias sem passeio público; problema piorou nos últimos 12 anos

Foto: Valter Pontes / Secom PMS

Quase metade da população de Salvador vive em ruas sem calçadas. É o que apontam os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, que analisou as Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios.

Segundo o levantamento, 43,6% dos soteropolitanos — o equivalente a cerca de 1.046.334 pessoas — moram em vias onde não existe passeio público, o que coloca a capital baiana no topo do ranking nacional das capitais com maior proporção de moradores em ruas sem calçadas.

Logo atrás de Salvador aparecem Boa Vista (RR), com 38,3%, Macapá (AP), com 35,8%, e Recife (PE), com 28,1%. Já as capitais com os menores percentuais de vias sem calçadas são Goiânia (GO), Curitiba (PR) e Aracaju (SE), cujos índices variam entre 1,9% e 6,7%.

As calçadas são essenciais para garantir segurança e acessibilidade aos pedestres, além de incentivar a mobilidade sustentável e servirem como espaço de convivência e bem-estar para a população. Mesmo assim, em Salvador o cenário tem piorado. De 2010 a 2022, o percentual de moradores vivendo em ruas sem calçadas saltou de 37,4% para 43,6%, um aumento de 6,1 pontos percentuais. O número de pessoas afetadas cresceu em 314 mil, apesar da cidade ter registrado uma queda de 9,6% em sua população total no mesmo período.

Há 12 anos, Salvador ocupava a 9ª posição entre as capitais com maior proporção de moradores em vias sem calçadas. Em 2022, liderou o ranking nacional e foi uma das cinco capitais brasileiras onde o indicador piorou. A piora foi a segunda mais expressiva do país, atrás apenas de Vitória (ES), que saltou de 18,3% para 24,6%.

No âmbito estadual, o levantamento também acende um alerta. Em toda a Bahia, 25,2% da população — cerca de 2,6 milhões de pessoas — moravam em ruas sem calçada em 2022. Embora o índice seja alto e acima da média nacional (15,7%), representa uma melhora em relação a 2010, quando o percentual era de 38,5%.

Já no cenário nacional, o IBGE apontou uma evolução no período: a taxa de brasileiros que vivem em vias sem calçadas caiu de 32,7% em 2010 para 15,7% em 2022, uma redução de mais da metade. O contraste com Salvador reforça o desafio da capital baiana em garantir estrutura urbana básica para sua população.

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