Rodrigo Silva volta a rejeitar acusação de seita aos adventistas e faz defesa de Ellen White

Imagem: Reprodução - Youtube

Rodrigo Silva, teólogo adventista e arqueólogo, está no centro de um novo debate sobre seitas e heresias na internet. Após o tema se tornar dominante no meio evangélico nos últimos dias, ele publicou um vídeo em que rejeita as acusações feitas à denominação à qual pertence e à escritora Ellen White.

O entendimento de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma seita é bastante comum para grande parte dos evangélicos, não apenas pela guarda do sábado como uma prática indispensável, mas pelo status que se atribui aos escritos de Ellen G. White, tratada por muitos adventistas como profetisa.

“São ditas coisas muito pesadas a respeito do adventismo do sétimo dia, a respeito de Ellen White. Não estou aqui para defender Ellen White, apenas para exercer aquilo que muitas pessoas que me atacaram disseram que eu deveria ter falado”, desabafou Rodrigo Silva em um vídeo.

Toda a polêmica começou com a resposta do pastor André Valadão a um seguidor nas redes sociais, afirmando que considera o adventismo uma seita. Rodrigo Silva, então, expressou sua contrariedade com o que foi dito, o que gerou uma tréplica por parte do líder da Lagoinha Global, desencadeando todo o debate que vem se mantendo intenso nos últimos dias.

“Entristece o fato de você ter a sua religião tão atacada na internet por irmãos. […] A animosidade de alguns na internet contra os adventistas é tão grande – e não começou ontem, vem de longa data – que muitos vão falar assim ‘Rodrigo está apelando para o vitimismo’. Não. Eu tenho a minha vida muito feliz, eu sou muito respeitado em todas as igrejas que eu vou. Na verdade, não houve uma igreja não-adventista na qual eu tenha pregado que eu tenha deixado as portas fechadas”, afirmou o arqueólogo.

Seita

Para Rodrigo Silva, a afirmação de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma seita é feita de maneira “irresponsável”, o que levanta desconfiança contra a denominação e, a seu ver, carece de critérios: “O que é seita? E quem deu a você, que acusa o outro de seita, a autonomia para falar ‘aquele é seita, esse não é’? A rigor, a doutrina para a fé católica diz que todos os protestantes são seita. […] Batistas, presbiterianos são ‘seitas protestantes’. […] À luz da Igreja Católica, seitas são todos os evangélicos”.

O argumento do arqueólogo é que há divergências teológicas entre a maioria das denominações evangélicas: “Há doutrinas que são diferenciadas. Por exemplo, para os presbiterianos é muito preciosa a doutrina de Deus predestinando as pessoas para a Salvação ou perdição. Eles não abrem mão disso. Os batistas não têm essa ideia de predestinação. São coisas muito fortes. John Wesley, que respeitava os presbiterianos, em um de seus sermões chega a dizer que a doutrina da predestinação é tão herética que ela consegue tornar Deus pior do que o diabo. […] Então porque a Igreja Presbiteriana não é seita à luz dos metodistas?”, comparou.

“Por outro lado, se você for um presbiteriano sensacionista, que acredita que os dons do Espírito cessaram no período dos apóstolos, você vai dizer que o dom de línguas do pentecostal é uma heresia, porque não existe a continuidade dos dons. Cessou na época apostólica. Se você é um pentecostal, você vai dizer que heresia é afirmar que os dons do Espírito terminaram, porque para o pentecostal é muito preciosa a doutrina do batismo no Espírito Santo com manifestação pública do falar em línguas. Então, nesse sentido, quem é a seita?”, questionou.

Sola Scriptura

Para o arqueólogo, mesmo evocando o compromisso de se deixar guiar somente pelas Escrituras, os evangélicos acabam divergindo entre si em pontos que não são cruciais para o entendimento da fé cristã e da Salvação através de Cristo: “Todos esses grupos que citei à guisa de ilustração, mui respeitosamente, dizem ‘nós somos sola scriptura’, expressão latina usada na época de Lutero para dizer ‘nós só baseamos nossas doutrinas na Bíblia’”.

“Há, nos movimentos que dizem ‘sola scriptura’, entendimentos diametralmente opostos da Bíblia. Então, porque nesse bojo, o adventista que tiver uma conclusão ‘sola scriptura’ diferente de outros é seita, leproso?”, disse, demonstrando sua insatisfação.

Ellen White

A respeito da escritora adventista, Silva afirmou que as principais acusações que fazem contra Ellen White são meramente rumores criados a partir de distorções de suas ideias publicadas nos livros no século 19:

“Falam cada coisa sobre Ellen White […] muitas pessoas estão pegando suas revelações e levando para o púlpito [de igrejas em geral], para dizer o que pode e o que não pode. Agora, Ellen White é fonte de doutrina para a igreja? […] Ellen White pretendeu ser uma Bíblia ao lado da Bíblia, ou superior, ou um comentário inspirado da Bíblia? […] Ela deixa bem claro que a fonte deve ser as Escrituras”, introduziu.

Silva leu trechos considerados polêmicos dos livros da escritora, defendeu sua compreensão de que a Bíblia Sagrada é autoridade sobre os cristãos e atuava como uma forte opositora de desvios doutrinários, até mesmo entre os próprios adventistas.

Sobre a polêmica envolvendo o ano 1844, em que supostamente a escritora havia relativizado o sacrifício de Jesus na cruz, Silva citou algumas passagens de diferentes livros dela para indicar o contrário: “O livro Atos dos Apóstolos, de Ellen White, página 29, ela declarou o seguinte: ‘O sacrifício de Cristo em favor do homem foi amplo e completo. A condição da expiação tinha sido preenchida. A obra que viera a esse mundo realizar tinha sido completada’. Vou ler para vocês outro livro dela, O Desejado de Todas as Nações, página 621: ‘Quando sobre a cruz soltara o brado ‘está consumado’, dirigia-se ao Pai. O pacto fora completamente satisfeito. Agora, Cristo declara ‘Pai, está consumado, fiz oh meu Deus a Tua vontade, concluí a obra da Redenção, e ouve-se de Deus proclamando que a justiça está satisfeita’. No livro Exaltai-o, página 400, Ellen White diz ‘Cristo efetuou uma expiação completa ao dar Sua vida como resgate por nós’”.

Sobre a guarda do sábado, o arqueólogo evitou entrar nos detalhes das divergências, mas ponderou que – a seu ver – essa é uma diferença teológica similar às existentes entre presbiterianos, batistas, wesleyanos, metodistas e pentecostais: “Quando a Igreja Adventista do Sétimo Dia fala ‘nós somos a igreja remanescente da profecia’ é porque nós acreditamos no corpo doutrinário adventista, e nesse corpo doutrinário está dizendo que a Igreja de Deus é maior que a Igreja Adventista, porque ela é constituída dos sinceros que estão dentro da Igreja Adventista e dos sinceros que estão noutras igrejas”.

Ao final, comentou a acusação de que os adventistas consideram Ellen White como uma “papisa”, mas sim, que concordam com suas interpretações das Escrituras: “Eu não menciono Ellen White no curso ‘A Bíblia Comentada’, não me baseio nela. Mas, quer ver como um líder pode influenciar uma igreja? Nós não temos na grade curricular de nenhum curso de teologia adventista ‘teologia whiteana’. Essa expressão nem existe, acabei de inventar. Mas se eu for na Igreja Metodista, tem a ‘teologia wesleyana’; se eu for à igreja reformada, eu vou ter a ‘teologia calvinista’; se eu for aos luteranos, eu vou ter a ‘teologia luterana’; se eu for para o lado de [Jacó] Armínio, eu vou ter a ‘teologia arminiana’. Ou seja, Wesley, Calvino, Lutero, Armínio foram tão firmes naquilo que eles interpretaram da Bíblia que os que seguiram a sua interpretação não escondem, são honestos em dizer”.

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Gospel Mais / por Tiago Chagas

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