Rússia enfrenta queda na natalidade e incentiva sexo no trabalho como solução

O governo reativou um decreto da era stalinista, o programa “Mãe Heroína”, que recompensa mães que têm seu décimo filho com medalhas e dinheiro.

A taxa de natalidade na Rússia atinge níveis críticos, com os primeiros seis meses de 2024 registrando a menor quantidade de nascimentos desde 1999. Em junho, o país contabilizou menos de 100 mil nascimentos, totalizando 599.600 no semestre — uma queda de 16 mil em relação ao mesmo período do ano anterior. A situação é agravada pela guerra na Ucrânia, que resultou em milhares de perdas de jovens e na fuga de muitos para evitar a convocação militar.

Em resposta a esse declínio populacional, o presidente Vladimir Putin tem promovido iniciativas para incentivar o aumento da natalidade, classificando isso como uma “maior prioridade nacional”. Recentemente, ele sugeriu que os russos façam sexo durante o horário de almoço no trabalho como parte de uma campanha mais ampla. O ministro da Saúde, Yevgeny Shestopalov, afirmou que estar ocupado não é desculpa para não ter filhos.

O governo reativou um decreto da era stalinista, o programa “Mãe Heroína”, que recompensa mães que têm seu décimo filho com medalhas e dinheiro. Além disso, o Kremlin está promovendo acampamentos com temática nacionalista para jovens, visando facilitar o encontro entre potenciais casais.

Em Moscou, um novo programa começou a oferecer testes de fertilidade gratuitos para mulheres de 18 a 40 anos, incluindo a medição do hormônio antimulleriano, que indica a reserva ovariana. Mulheres com baixa reserva poderão receber tratamentos e até congelar óvulos.

Apesar das medidas, algumas mulheres nas redes sociais consideram a campanha intrusiva. Uma usuária mencionou se sentir como a personagem principal de “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood, referindo-se à pressão social para gerar filhos.

Durante o Fórum das Mulheres Eurasianas em São Petersburgo, Putin elogiou a política governamental que busca equilibrar a vida profissional e familiar das mulheres, ressaltando que elas conseguem manter-se “bonitas, gentis e charmosas” enquanto cuidam de grandes famílias.

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