Salvador: Mulheres baleadas durante ação policial no Curuzu são enterradas

Viviane e Maria Célia morreram após ser baleadas no Curuzu — Foto: Arquivo pessoal/Arte G1

As mulheres mortas a tiros mulheres mortas a tiros durante perseguição policial a um suspeito, na noite de sexta-feira (4), no bairro do Curuzu, em Salvador (reveja aqui), foram enterradas sob forte comoção, na tarde deste sábado (5).

Os sepultamentos ocorreram às 16h30, porém, em locais diferentes. O corpo de Viviane Soares, de 40 anos, foi enterrado no cemitério Quinta dos Lázaros e o de Maria Célia de Santana, de 73, foi enterrado no cemitério Ordem Terceira do Carmo, ambos na Baixa de Quintas.

Também na tarde deste sábado, o bloco afro Ilê Aiyê se manifestou sobre o fato nas redes sociais e lamentou as mortes. A sede do Ilê é um dos símbolos do Curuzu, onde ocorreu o crime.

“Esse comportamento policial nos nossos bairros precisa acabar.
Queremos poder conversar com os nossos vizinhos em nossas portas, sem ter que morrer por isso”, disse o Ilê Aiyê, em nota.

Ainda de acordo com a nota, Maria Célia fazia parte da agremiação desde a infância, e era carinhosamente chamada na comunidade de “Morena”. Já Viviane participou Banda Erê, projeto social do Ilê Aiyê, que atende crianças carentes.

Viviane também era tia de um menino de 7 anos que morreu em novembro de 2020, em circunstâncias semelhantes. O menino Railan Santos da Silva foi morto a tiros, enquanto acompanhava uma partida de futebol no bairro.

Fernanda Evangelista, mãe de Railan e irmã de criação de Viviane, desabafou sobre as duas tragédias na família.

“Eu tive um filho de 7 anos, cuidei de meu filho [que foi morto], para agora acontecer isso com minha irmã? Está errado isso, gente!. E agora, eles vão dizer que as balas foram de quem? Só faltaram, dizer que meu filho estava armado. Meu filho tinha 7 anos. Como meu filho ia estar armado? Para com isso. Tem que parar com isso. Meu filho tinha 7 anos e está morto vão fazer sete meses agora”, falou.

Ela também criticou a ação policial que culminou na morte de Viviane e de Maria Célia, na noite de sexta.

“Vamos passar de novo pela dor de uma morte cometida pela nossa segurança. A polícia é para nos segurar, para os deixar segura. Como entra em um rua que tem crianças… Se tivessem crianças aqui brincando, seriam novas crianças assassinadas de novo. Duas vidas… Viviane tem um filho de 10 anos. Como Tauan vai ficar agora? Como uma criança vai ficar agora? É assim mesmo? Amanhã vão ser mais dois, mais e três, e vai ficar por isso mesmo?”, questionou.

Fernanda Evangelista perdeu a irmã sete meses após filho ser morto em caso semelhante — Foto: Reprodução/TV Bahia
Fernanda Evangelista perdeu a irmã sete meses após filho ser morto em caso semelhante — Foto: Reprodução/TV Bahia

Em nota, a Polícia Militar informou que equipes da Operação Apolo foram acionadas, com informações de que um carro roubado no bairro de Nazaré, na noite de sexta-feira, estaria no Curuzu. “Quando chegaram ao local, os policiais identificaram o veículo e, ao se aproximarem dele para efetuar a abordagem, foram recebidos a tiros por um homem armado”, diz a nota.

A PM ainda afirmou que saiu do veículo efetuando disparos contra a guarnição, que revidou, mas o suspeito conseguiu fugir a pé. Durante buscas na região, os policiais identificaram duas mulheres alvejadas por disparos de arma de fogo e levaram as vítimas ao Hospital Geral Ernesto Simões Filho (HGESF), mas que não resistiram. A corporação informou ainda que a ocorrência foi registrada na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Viviane e Maria Célia morreram após ser baleadas no Curuzu — Foto: Arquivo pessoal/Arte G1
Viviane e Maria Célia morreram após ser baleadas no Curuzu — Foto: Arquivo pessoal/Arte G1

A Polícia Civil informou que a 3ª DH/BTS investiga as mortes de Viviane e Maria Célia, e que o veículo roubado foi periciado, capsulas foram coletadas no local e outras perícias foram solicitadas. Guias de remoção também foram expedidas.

Sobre o caso de Railan, a Polícia Civil disse que o procedimento foi finalizado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e encaminhado para a Justiça, mas que não possuem maiores detalhes.

Informações: G1/Bahia

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