A Corregedoria Polícia Militar da Bahia marcou para o dia 2 de agosto a oitiva com o ex-deputado estadual Soldado Prisco no âmbito do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado em março deste ano.
A corporação acusa o ex-parlamentar de incitar um movimento grevista na corporação após a ocorrência no Farol da Barra que culminou na morte do soldado Wesley Soares Góes, em 29 de março de 2021.
“Em vídeos postados nas redes sociais após a morte do Sd 1ª Cl PM WESLEY, o acusado aparece incitando os militares presentes nas dependências do HGE, com as seguintes falas: ‘Ao vivo agora em Salvador a Polícia Militar resolve paralisar, após o assassinato e fuzilamento de PM no Farol da Barra’”, diz um trecho do documento.
“Em outro vídeo o Sd 1ª Cl PM RR MARCO PRISCO utilizou palavras de ordem seguidas por policiais militares: ‘Ô a PM parou! A PM parou!’ bem como ‘A PM matou o Sd 1ª Cl PM WESLEY’, e que a partir daquele momento a Corporação estava em “greve”, destaca outra parte da publicação.
Prisco é um dos membros fundadores da Associação de Policiais, Bombeiros e de seus Familiares (Aspra) e já incitou paralisações na corporação em 2019, 2014 e 2012. Nas eleições de 2022, o militar tentou se eleger para o terceiro mandato na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), mas não conseguiu a vitória nas urnas.
Em fevereiro, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) reconheceu a perda de foro privilegiado de Prisco. Ele foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), enquanto deputado estadual, pela suposta prática de aliciação para motim ou revolta, e incitamento, como previsto no Código Penal Militar.
MORTE DE WESLEY
Na tarde do dia 28 de março de 2021, o soldado Wesley, da 72ª Companhia Independente de Polícia Militar, dirigiu de Itacaré até Salvador e ocupou a região do Farol da Barra, e com arma de grosso calibre nas mãos, atirou diversas vezes para o alto, gritando palavras de ordem.
Na noite daquela data, após disparar, contra a barreira policial que negociava com ele, o soldado recebeu três tiros e foi ao chão. Ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte.
Em outubro daquele ano, a Polícia Militar concluiu que a atividade executada pelo soldado Wesley Góes não teve relação com o óbito do militar. A linha inicial de investigação considerou que a ação poderia ser decorrente de ações desempenhadas no contexto da pandemia na unidade dele, que teria levado ele e outros policiais a nível de estresse – a tese inicial não foi confirmada. Colegas afirmaram que não houve ações gravosas.
Informações prestadas por familiares e colegas e um manuscrito do próprio soldado foram analisados. Como conduta social e familiar, a tese não prosperou como motivação. A família também disse que tinha vida familiar e financeira equilibrada. (Fonte: Bahia Notícias)