Na tarde desta terça-feira (28), estiveram presentes no estúdio do Voz da Bahia, a superintendente da Santa Casa de Misericórdia, hospital Luiz Argolo em Santo Antônio de Jesus, Ludmila Reis e o médico obstetra, Dr. Laurentino Carrera Trigo, clamando por socorro para não fechar a ala de obstetrícia que atende as gravidas do município e da região.
Dr. Trigo que também faz parte do conselho da instituição revelou que comentários que discorrem sobre o fechamento da instituição é real, “a Santa Casa é composta pelo hospital maternidade Luiz Argolo e pelo Lar dos Idosos. O hospital é divido em três partes, a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o UNACOM (Unidade de Assistência em Alta Complexidade em Oncologia), e a maternidade, e é dela que estão vindos os problemas”, explica.
O médico diz que os valores repassados não aumentam e nem correspondem a necessidade do hospital, “os valores que chegam do governo e do INSS são em torno de R$ 400 há R$ 500 mil por mês. Nós não podemos bancar esse prejuízo por muito tempo e vai chegar um tempo que teremos que parar. Então, o que quero esclarecer é que, não é o hospital que vai fechar, o que será suspenso é a maternidade se por ventura não houver um acordo entre o Governo e nossa direção”, contou.
Trigo também esclarece que a Santa Casa tem alguns meses em atraso com os plantonistas da maternidade, “então tempos procurando formas de suprir essa necessidade. Na realidade a maternidade deveria funcionar com dois obstetras, pois, do jeito que está, com um só, é desumano, já que recebemos pacientes de toda a região, e às vezes a paciente está em estado grave e o médico está em outro procedimento cirúrgico”, expôs.
Trigo diz que eles estão apelando para a consciência dos governantes, “ficamos de mãos atadas porque não conseguimos resolver o problema de todos”, conta.
Ludmila, superintendente da Santa Casa, também contou sua indignação com a situação, “esse não é só um problema que a Santa Casa de Santo Antônio de Jesus vem passando, estive há alguns meses em Brasília, onde tiveram muito filantrópicos do país inteiro, e todos se encontram na mesma situação que a nossa. Muitos mal-informados estão dizendo que a culpa é da gestão, o que não é verdade. A tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) está há mais de quinze anos sem reajuste. Imagine se uma pessoa que recebe o mesmo valor do salário mínimo a, quinze anos consegue se alimentar hoje em dia? Não! O preço de tudo subiu, e a tabela do SUS se manteve”, declara.
A gestora ainda conta que não tem condições alguma da maternidade funcionar com baixos valores, “não dá para recebermos R$ 470 mil reais para atender cerca de 800 mil pessoas. Claro que tem outras maternidades na região, mas quem atende os partos de alto risco é apenas a Santa Casa de Santo Antônio de Jesus. Temos uma maternidade altamente resolutiva, mas estamos a mais de 16 anos com um contrato congelado”, aponta.
Ludmila atribui que a Santa Casa mandou para o Estado todos os gastos dos últimos anos, “temos uma gestão transparente e solicitamos ao Governo um reequilíbrio financeiro do contrato e o mesmo vence no dia 20 de julho. Então foi determinado pela Mesa administrativa da Santa Casa que se não houver reequilíbrio deste contrato o mesmo não será renovado”, diz.
A entrevistada conta ainda que a instituição quase fechou próximo às festividades juninas, “na quarta-feira que antecedeu o São João foi liberada uma emenda parlamentar através do senador Otto Alencar (PSD), a pedido de Euvaldo Rosa (PSD), de Rogério Andrade (MDB) e de todo o grupo que sempre nos apoia e que dá ouvidos a situação. Muitos estão nos julgando, mas não precisamos disso, precisamos de ajuda”, pontua.
Ludmila aponta também que não dá mais para aguentar essa situação, “não tem como pagar um parto de menos de R$ 600 reais. Não dá para trabalhar dessa forma. Estamos esperando um retorno do Estado e sentimos que ele tem interesse em ajudar. Nós nos preocupamos com os nossos funcionários, pois, eles estão conosco e tem uma índole inquestionável. São 360 funcionários e muitos deles dependem do seu salário para sustentar suas famílias”, discorre.
A superintendente conta que tem algumas instruções com apenas 30 leitos de baixa complexidade que recebem quase R$ 3 milhões por mês muito mais que a Santa Casa, “nós com 80 leitos de alta complexidade recebemos R$ 475 mil por mês”, declara.
Ao fim da entrevista, Dr. Trigo se emociona ao falar sobre sua filha e sobre sua profissão, “passei por momentos difíceis e na véspera do passamento da minha filha, fiz um parto a 1h da manhã de uma paciente de Valença e não deixei faltar nada. Agradeço pela oportunidade de poder falar sobre a situação da Santa Casa e o Hospital Luiz Argolo agradece de coração”, finaliza.
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Reportagem: Voz da Bahia