São Desidério volta a ser o município brasileiro com maior valor da agricultura

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Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (5) mostram que a cidade de São Desidério, no oeste da Bahia, voltou ao topo do ranking nacional no valor da produção agrícola após três anos. O levantamento aponta que a produção agrícola da Bahia foi a que mais cresceu no Brasil.

Isso ocorreu, segundo o IBGE, porque o clima favorável levou ao aumento na produção das principais culturas do município, o que, somado aos bons preços pagos pelas commodities, elevou o valor de produção em 54,4%, frente a 2017, totalizando R$ 3,6 bilhões.

Esse montante gerado pela cidade de 33 mil habitantes representa 1,8% de todo o valor gerado pela agricultura brasileira em 2018 e 18,5% do valor da produção agrícola baiana.

A principal cultura de São Desidério é a soja, com 1,6 milhão de toneladas em 2018 (+12,4% em relação a 2017), tendo valor de produção de R$ 1,8 bilhão (+24,0%). O município é o terceiro maior produtor do grão no país.

A cotonicultura também se destaca. São Desidério é o segundo produtor nacional de algodão herbáceo (em caroço), com uma safra de 513,3 mil toneladas em 2018 (+75,4%) e valor de produção de R$ 1,5 bilhão (+114,7%).

O terceiro mais importante produto de São Desidério é o milho. Ao contrário da queda nacional, o grão teve aumento no município baiano. Foram produzidos 45,0% a mais em 2018, totalizando 558,1 mil toneladas, e o valor de produção foi de R$ 281,7 milhões (+83,2% frente a 2017).

Retorno para a cidade
De acordo com a secretária municipal de Agricultura Patrícia Rocha, em São Desidério, os impactos do desenvolvimento do agronegócio estão sendo sentidos mais na área rural, como na melhoria de estradas que dão acessos às fazendas.

“Estamos em tratativa com os agricultores, por exemplo, para o asfaltamento de 100 km de estradas vicinais, o que vai ser muito positivo também para a população dos povoados que residem próximos a essas fazendas”, disse.

O acerto para quando será feito o asfaltamento ainda está no início – a primeira reunião, segundo a secretária, ocorreu há 15 dias. “O que ficou certo é que a as associações de produtores (Aiba e Abapa) vão dar a maior parte do dinheiro, e a Prefeitura uma contrapartida e, possivelmente, mão de obra”, informou.

Ainda de acordo com a secretária Patrícia Rocha, que é engenheira agrônoma, praticamente toda a área rural do município está tomada por produções agrícolas. “Quando não são os grandes, são os pequenos produtores”, disse.

O que ela diz que não ocorre com frequência na cidade é o dinheiro que chega da venda das exportações circular no comércio local. Pelo fato de muitos trabalhadores das fazendas morarem em outras cidades, como Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, o dinheiro acaba sendo direcionado para essas localidades.

“As pessoas de São Desidério, em si, não vivem do agronegócio, e sim do comércio local e emprego em órgãos públicos. O que chega aqui do agronegócio é mais de imposto mesmo, que é muito bom, mas acho que poderia ser mais, sobretudo se houvesse maior circulação de dinheiro no local. Por outro lado, reconhecemos que São Desidério oferece poucas opções para se gastar dinheiro”, declarou.

Mas o município está avançando: em cerca de um mês deve haver melhorias em um dos principais gargalos da região, o serviço de internet, já que está prevista a finalização do Projeto Cidade Digital (do Ministério Ciência, Tecnologia, Inovação e das Comunicações), que está levando a fibra ótica para a cidade.

Depois de Formosa do Rio Preto, o município de São Desiderio é o segundo maior da Bahia em extensão, com 15 milhões de quilômetros quadrados. Os agricultores também produzem sorgo, milheto e feijão, mas os grãos voltados para exportações dominam a economia.

“A estiagem que foi registrada no ano passado não impactou muito a produção, que deve crescer ainda mais. Mas este resultado está sendo obtido graças à tecnologia usada nas fazendas. Os agricultores defendem que a tendência agora é não expandir a área cultivada, mas aumentar a produtividade nas lavouras já existentes e investir na melhoria de mercado”, afirma Patrícia Rocha.

Outros destaques
Além de São Desidério, outros três municípios baianos estavam entre os 20 com maior valor da produção agrícola no país, em 2018: Formosa do Rio Preto, em 5º lugar, com R$ 2,648 bilhões; Barreiras, 17º, com R$ 1,421 bilhão, e Correntina, em 18º, com R$ 1,407 bilhão.

Todos eles têm como principais produtos a soja, o algodão e o milho e subiram de posição, em relação a 2017, quando só os dois primeiros figuravam nesse ranking. Naquele ano, Formosa do Rio Preto estava em 8º lugar, Barreiras, em 24º, e Correntina, em 28°.

Na Bahia, o ranking dos 10 municípios com maior valor da produção agrícola não teve muitas alterações entre 2017 e 2018. Os seis primeiros lugares são os mesmos: São Desidério, Formosa do Rio Preto, Barreiras, Correntina, Luís Eduardo Magalhães e Riachão das Neves. Todos grandes produtores de grãos.

Em sétimo aparece Jaborandi, que subiu duas posições (era 9º em 2017), também puxado pela soja, algodão e milho. Juazeiro se manteve em 8º, com peso maior da fruticultura (manga, cana-de-açúcar e uva). Mucugê, por sua vez, caiu de 7º em 2017 para 9º em 2018, com um perfil de valor da produção liderado pela batata-inglesa, o tomate e o café.

E Ibicoara entrou no ranking em 2018, na 10ª posição (era 14º em 2017), com peso maior da batata-inglesa, do tomate e da cebola, além de um aumento importante no valor da produção do café arábica.

Primeira vez
Em 2018, pela primeira vez, a Bahia registrou colheita de azeitonas. Entrou, assim, para o restrito rol dos quatro estados que produzem o fruto no país.

A produção baiana ainda foi pequena, de 5 toneladas e com valor estimado em R$ 12 mil, e toda concentrada no município de Rio de Contas, que tem perfil de produção predominantemente frutícola.

A produção nacional de azeitonas, em 2018, foi de 1.620 toneladas, liderada pelo Rio Grande do Sul (976 t). Minas Gerais (558 t) vinha em segundo lugar e São Paulo (111 t) em terceiro. O ranking é o mesmo quando se trata do valor da produção.

(Correio)


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