‘Está coalhado de casos que são fraude mesmo. Será preciso apurar’, destacou Tereza Campello
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a economista Tereza Campello, integrante do Gabinete de Transição do governo do presidente eleito Lula (PT), disse que a gestão petista irá retirar do Bolsa Família (Auxílio Brasil) o que chamou de beneficiários “sem-vergonhas”.
Durante a entrevista, a economista criticou o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) por, segundo ela, permitir a ampliação do número de pessoas beneficiadas pelo programa em um movimento “eleitoreiro”.
“A legislação é clara: as pessoas não podiam estar recebendo. Estamos conversando com os municípios. Esse povo vai bater na porta da prefeitura quando o recurso for bloqueado. Serão filas enormes no início do governo Lula com muita gente pobre, mas também muita gente sem vergonha. Queremos tirar os sem-vergonha”, disse a economista.
Campello, que foi ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff (PT), afirmou, ainda, que a regularização do cadastro “vai dar muito trabalho”.
“Tem um monte gente que entrou que não faz parte da população pobre ou desinformada. Tem gente com má fé. Veja os casos do agressor do Gilberto Gil e a filha do Pazuello [ex-ministro da Saúde, eleito deputado federal]. Está coalhado de casos que são fraude mesmo. Será preciso apurar. Foram 79 mil militares que receberam o benefício. Temos que ir atrás do dinheiro”.
Tereza ponderou ao Estadão, que não foram todos os beneficiários “irregulares” que fraudaram o programa por má-fé. Ela destacou que o governo Bolsonaro “induziu” uma parcela dessa população ao erro.
“Não é que as pessoas tentaram fraudar, mas o modelo que eles implantaram induz as famílias a se cadastrarem por adulto. Se tem dois adultos na mesma casa, se cadastram os dois. O certo seria uma família, como era no Bolsa Família”, completou.(ba)