A senadora Ana Paula Lobato (PSB) anunciou o envio de um ofício ao CMN (Conselho Monetário Nacional), solicitando formalmente a exoneração do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O pedido foi realizado na última sexta-feira (23). As informações são via BP Money, parceiro do Bahia Notícias.
O pedido foi feito em um momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliados, empresários e até alguns integrantes do mercado financeiro estavam incomodados com o atual patamar da taxa básica de juros (Selic), que foi mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, durante sua sétima reunião consecutiva.
Segundo o ofício da parlamentar, o desempenho de Campos Neto “não está sendo suficiente” para que a instituição alcance os objetivos estabelecidos em lei, de assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo deste, zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.
Ela também alega que Campos Neto age politicamente para prejudicar o governo de Lula, que há meses tem pressionado por uma flexibilização da política monetária. Tanto o círculo político do presidente do PT quanto membros da equipe econômica expressaram preocupação com o possível impacto dos juros elevados sobre a atividade econômica e a sustentabilidade fiscal do país.
“Ao decidir manter a taxa Selic nesse elevadíssimo patamar, resta evidenciada uma clara atuação política do Presidente do BC no sentido de prejudicar o atual governo de modo a impossibilitar um maior crescimento econômico e, com isso, inviabilizar uma maior entrega de políticas públicas”, diz a senadora no ofício.
No comunicado sobre a última reunião, o Copom enfatizou que a conjuntura atual requer prudência e cautela na condução da política monetária, mesmo diante de indícios de desaceleração da inflação no futuro. O comunicado não forneceu indicações claras de que os juros começarão a ser reduzidos na próxima reunião, que está agendada para agosto. No entanto, há expectativas no mercado de que um ciclo de flexibilização possa ser iniciado nesse momento.
“A manutenção da taxa de juros em patamar tão elevado, como é do conhecimento de Vossas Excelências, embora seja um mecanismo de controle da inflação, encarecendo o crédito para empresas e famílias e gerando um arrefecimento do consumo, também faz com que as empresas adiem ou até mesmo descartem novos investimentos”, continua a senadora, em ofício.
Campos Neto assumiu a presidência do Banco Central em fevereiro de 2019, por indicação do então presidente Jair Bolsonaro (PL), após aprovação do plenário do Senado Federal. Seu mandato vai até dezembro de 2024. (BN)