Em meio a mais nova polêmica envolvendo o cantor e deputado federal Igor Kannário (DEM) que pediu uma vaia para a Polícia Militar da Bahia na tarde da última segunda-feira (24), enquanto puxava sua pipoca no Campo Grande, não passou despercebido o silêncio da major Denice Santiago, principal aposta do governador Rui Costa (PT) para se filiar ao Partido dos Trabalhadores não apenas utilizar seu exemplo como comandante da Ronda Maria da Penha, mas contra a violência.
A expectativa, conforme relataram ao Política Livre, é que diante do posto a que Rui lhe credencia a major teria, no mínimo, que se posicionar, externando o respeito à categoria e contrária a incitação da violência, em especial diante das estatísticas na capital baiana.
Kannário, que em outro momento chegou a elogiar a atuação da PM nos circuitos, disparou contra os militares que atuaram para conter uma briga: “Vem, seu bund* mole”. Em seguida, ele não apenas teria acusado a PM de abuso de autoridade, como teria pedido uma vaia para a tropa e disparado que: “Se acontecer alguma coisa comigo, quem mandou me matar foi alguém da Polícia Militar”.
Diante disso, toda alta cúpula da segurança pública, a começar pelo secretário, Maurício Barbosa veio a público pedir providências e contou com o apoio do próprio governador. “Acionei a Procuradoria Geral para que o Estado formalize uma representação junto ao Ministério Público da Bahia a respeito deste fato. Medidas cabíveis que estiverem no âmbito do MP precisam ser tomadas em respeito à PM e em defesa da honra de pais e mães de família que fazem parte da corporação”, disse o líder petista.
Nesta Quarta-Feira de Cinza (26), Barbosa reforçou suas críticas e ainda cobrou a responsabilidade, em entrevista à imprensa, de quem contratou o cantor e deputado federal para tocar no Carnaval, leia-se a prefeitura. “Uma extrema irresponsabilidade por parte do cantor. A gente pede parceria entre os artistas e a Polícia pra apontar algo de errado no trabalho da Polícia, mas não jogar a população contra a Polícia. A responsabilidade maior é de quem contrata, ele foi contratado com recursos públicos, há uma lei que proíbe isso”, repudiou, lembrando que a Lei 9.484/2019 proíbe a contratação ou patrocínio pelo poder público de artistas que façam apologia ao crime.
Aliado a isso, a Polícia Militar divulgou uma nota de repúdio . “Além da atitude irresponsável e criminosa o também deputado federal incitou os foliões contra os policiais militares que faziam o policiamento do circuito Osmar. É inaceitável que qualquer pessoa, ainda mais um parlamentar, tente comprometer a honra da instituição e de policiais militares que estão comprometidos e empenhados na defesa da sociedade baiana. Todas as medidas judiciais cabíveis que o caso requer serão adotadas”, lamentou o documento.
Por fim, um abaixo-assinado online proposto pela direção do Instituto de Consulta, Estudos e Pesquisas do Militar Estadual da Bahia (ICEME-BA), pede a cassação do mandato do cantor e deputado federal Igor Kannário (DEM), após ofensas. O documento requer ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que seja instaurado um processo para apurar possível quebra de decoro parlamentar.
A página inclui ainda, na parte de “Observações”, instruções a policiais militares e bombeiros, que assinem a petição e coloquem o seu “nome de guerra”. A direção do ICEME-BA convida ainda as instituições oficiais a aderirem à petição, assim como qualquer “cidadão de bem” que quiser apoiar a causa. “A expectativa é que, ao menos, ela possa assinar”, disse uma fonte sob condição de anonimato.
Fernanda Chagas – Política Livre