A sudorese é uma condição normal do nosso corpo, principalmente nos dias mais quentes, durante a prática de atividade física ou até mesmo em algumas situações específicas, como a do estresse.
Porém, quando a transpiração é excessiva mesmo em repouso, em temperaturas baixas e isoladas em algumas partes do corpo, caracteriza-se como hiperidrose.
“É um distúrbio do sistema nervoso autônomo, ou seja, não é controlado por nossa vontade, e geralmente se manifesta a partir da adolescência”, explica o cirurgião torácico Sandro Fabrício de Oliveira, diretor médico da Clínica de Tratamento do Suor (CTS), em Salvador.
Segundo ele, o diagnóstico é clínico, o que significa que não existe um exame necessário para a sua confirmação. A pessoa deve procurar o médico sempre que considerar que a quantidade de suor, o local do corpo e as condições relacionadas estão sendo um incômodo, causando constrangimento ou dificultando as atividades cotidianas.
De acordo com o cirurgião, a hiperidrose é mais comum em mulheres e a única causa aparentemente definida é a herança genética. “Em mais da metade dos casos se encontra um parente de primeiro ou segundo grau com o mesmo tipo de resposta ao estresse”, esclarece. Estima-se que de 1% a 2% da população sofre com essa doença.
A hiperidrose não traz maiores risco à saúde, mas causa muito desconforto e constrangimento, levando a pessoa a ter que tomar vários banhos por dia, evitar um aperto de mão, um abraço, um contato mais próximo com outras pessoas, impactando em suas relações sociais e na vida diária.
Dr. Sandro esclarece que, principalmente na adolescência, a hiperidrose pode impactar mais fortemente na qualidade de vida. “Nessa fase tão importante, onde os jovens são mais frágeis e inseguros, esse problema pode ter consequências na autoestima. O incômodo causado pela doença pode deixá-los mais introspectivos”.
Localizada ou generalizada
É importante diferenciar a hiperidrose primária/localizada (idiopática) da secundaria/generalizada, conforme explica o cirurgião torácico Sergio Tadeu Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica. “A primaria caracteriza-se pela presença do suor exagerado nas mãos, nas axilas, nos pés e nas faces, enquanto a generalizada se manifesta em todo corpo e geralmente está associada a alguma doença, obesidade, ou mesmo durante a menopausa”, disse.
O médico explica que a hiperidrose primária ocorre em pessoas saudáveis e manifesta mais intensamente em situações de estresse, medo e nervosismo. E a cirurgia é indicada exclusivamente para esses casos, de localização axilar, palmar e plantar, e na sudorese facial, quando em situações muito especiais.
Tratamento
São várias as opções de tratamento, conforme cada caso. Pode ser apenas com cosméticos ou cirúrgico, passando por psicoterapia, botox e tratamento medicamentoso. Também é aconselhável mudanças de hábitos alimentares.
Entretanto, para os casos de hiperidrose primária localizada, o tratamento cirúrgico tem sido a melhor opção. A cirurgia, chamada Simpatectomia Torácica Videoassistida (VATS), é considerada o método mais eficaz, seguro e minimamente invasivo.
A cirurgia requer anestesia geral, dura cerca de 40 minutos e o paciente pode voltar para casa em menos de 24 horas. Os resultados são positivos, com desaparecimento em quase 100% dos casos na sudorese axilar e palmar, e com uma melhora significativa em relação a plantar. Mas Dr. Sérgio Tadeu explica que 40% podem apresentar suor compensatório no abdome e nas costas, principalmente em ambientes quentes.
A cirurgia melhora a qualidade de vida
A estudante de Direito Rosangela Nascimento Silva, 30 anos, descobriu que tinha hiperidrose há 6 anos, quando o suor excessivo, principalmente nas axilas, a fez procurar um diagnóstico. Após várias tentativas de tratamento, sem sucesso, ela decidiu fazer a cirurgia.
“O cirurgião me esclareceu sobre todos os benefícios e possíveis consequências do procedimento, e optar pela cirurgia valeu a pena. Minha autoestima melhorou muito! Agora posso usar roupas coloridas sem ficar constrangida. Antes era complicado, pois tem aquela sensação inexplicável que parece que todos estavam me olhando e me repreendendo por eu estar transpirando excessivamente”, desabafa.
(iBahia)