O Terreiro de Jesus, localizado no Pelourinho, centro de Salvador, foi entregue pela prefeitura, no final da tarde desta sexta-feira (7), após obras de requalificação. O espaço ficou coberto com tapumes durante meses, por conta do serviço. Nesta sexta-feira, baianos e turistas conferiram de perto os resultados. Segundo a prefeitura, as intervenções, que respeitaram o traçado original da praça, custaram R$ 1,6 milhões e correspondem à primeira ação estrutural feita no local desde a década de 1950. Conforme a prefeitura, a última intervenção importante feita na praça do Terreiro de Jesus foi idealizada pelo arquiteto paisagista Burle Marx, caracterizada pela repaginação do piso com formas orgânicas e sinuosas, plantio de novas espécies, inserção de bancos ao redor das árvores, manutenção do chafariz e de algumas espécies arbóreas pré-existentes. O material utilizado no piso, como a pedra portuguesa, os seixos rolados pretos e as conchas da região, assim como a permanência do chafariz existente na praça, reforçavam a identidade do lugar. Por sinal, os projetos de Roberto Burle Marx para praças, parques e jardins foram idealizados e executados segundo conceitos até hoje inovadores e atuais. Ao longo do tempo, o Terreiro de Jesus sofreu diversas descaraterizações, com a supressão e/ou modificação de elementos urbanísticos e paisagísticos. O projeto atual, coordenado pela Fundação Mario Leal Ferreira (FMLF) e desenvolvido pelo escritório A&P Arquitetura e Urbanismo, consiste no resgate da proposta de Burle Marx com as atualizações funcionais e paisagísticas necessárias para os tempos atuais. A devolução do equipamento foi realizada ao pôr do sol desta sexta pelo prefeito ACM Neto, na companhia do vice-prefeito e secretário de Infraestrutura e Obras Públicas, Bruno Reis, do secretário de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, e demais autoridades municipais.
Intervenções
- Recuperação do desenho de piso proposto por Burle Marx, com adequações pontuais quanto à paginação e especificações de materiais. Foi utilizada a pedra portuguesa (preta e branca), seixo rolado preto, faixa de granilite com conchas molusco “chumbinho”;
- O chafariz foi restaurado pela Fundação Gregório de Matos (FGM);
- Reintrodução do canteiro de formas sinuosas com planto de espécies herbáceas e arbustivas, seguindo o projeto original;
- Resgate da massa arbórea proposta originalmente, proporcionando considerável aumento de área sombreada na praça;
- Remoção das rampas existentes e introdução de novas rampas curvas nas esquinas da praça, permitindo acessibilidade mais próxima às linhas de fluxo de pedestres;
- Limpeza visual de todo o espaço com a remoção de postes, quadros de energia, cabeamentos aéreos, placas de sinalização e outros elementos arquitetônicos ou de sinalização;
- Implantação de nova iluminação cênica e pública, buscando minimizar o impacto visual e valorizar os elementos da praça;
- Atualização do mobiliário urbano, com a inserção de bancos em granito e lixeiras metálicas.
História
Nos primeiros anos da década de 1550, pouco tempo depois da fundação de Salvador pelo governador-geral Tomé de Sousa, os jesuítas receberam a área norte da nova cidade, na qual os padres da ordem, liderados por Manuel da Nóbrega, construíram uma primeira capelinha de taipa e o primeiro edifício do Colégio dos Jesuítas. Devido à presença dos padres da Companhia de Jesus, o largo em frente passou a ser conhecido como “Terreiro de Jesus”. Anos se passaram e a beleza do lugar continua chamando atenção de soteropolitanos e turistas, especialmente por ser a única praça do Brasil que está inserida em um conjunto arquitetônico onde há igrejas seculares ao seu redor: Catedral Basílica, Igreja da Ordem Terceira de São Domingos, Igreja de São Pedro dos Clérigos e Igreja e Convento de São Francisco, além da primeira Faculdade de Medicina do país. A fonte do Terreiro foi interligada ao primeiro sistema de abastecimento de água do Brasil, o Sistema do Queimado. Ela traz a escultura de Ceres e de quatro mulheres que representam os rios baianos São Francisco, Paraguaçu, Jequitinhonha e Pardo. (G1/Ba)