“Todo mundo vai se lascar”, diz Lula de Previdência

Ex-presidente Lula durante evento em São Paulo, em 2018 / Foto: Paulo Whitaker / Reuters

O ex-presidente Luiz Inácio Lula disse ontem, em entrevista aos jornais El País e Folha de S.Paulo, que o Brasil “está desgovernado” e criticou a proposta da reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro que está em tramitação na Câmara. “Ele Bolsonaro não sabe até agora o que fazer e quem dita regras é o ministro da Economia Paulo Guedes. O homem de R$ 1 trilhão que o ministro afirma que será economizado com a reforma da Previdência. A única coisa que o povo sabe é do R$ 1 trilhão”, disse.

Segundo ele, o governo tenta passar a impressão de que uma fez feita a reforma da Previdência “acabou o problema do Brasil”. “Todo mundo vai ficar maravilhosamente bem. E eu acho que todo mundo vai se lascar se for aprovada a Previdência tal como ele Guedes quer.”

Para Lula, o governo quer economizar R$ 1 trilhão fazendo a reforma da Previdência “às custas dos aposentados”. “Se eles lessem alguma coisa, se eles conversassem, eles saberiam que esse cidadão aqui, analfabeto, com um curso de torneiro mecânico, juntou R$ 370 bilhões e dólares de reservas, que a R$ 4 o dólar dá mais de R$ 1,2 trilhão, sem causar nenhum prejuízo a nenhum brasileiro. Então, se eles querem economizar R$ 1 trilhão tem uma fórmula secreta: coloque o povo no orçamento da União. Gere emprego. Gere crédito para as pessoas.”, afirmou.

O ex-presidente do Brasil por dois mandatos disse que a falta de emprego e a inadimplência impedem que o povo possa consumir, aquecendo a economia. “Ah, o povo tá devendo? Tire todo o penduricalho da dívida do povo e ele paga apenas o principal no banco e você vai perceber que as pessoas voltam a comprar. Um país que não gera emprego, não gera salário, não gera consumo, não gera renda, quer pegar do aposentado e do velhinho R$ 1 trilhão? O Guedes precisava criar vergonha. Onde ele fez esse curso de economia dele?”, questiona.

Lula pôde conceder entrevista ontem aos dois jornais após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, rever uma decisão da corte e autorizar a entrevista, em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado.


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