‘Trata-se de um caso típico de homofobia’, diz delegada sobre agressões a Karol Eller

A youtuber chega à 16º DP, na Barra da Tijuca, para prestar depoimento Foto: Paolla Serra / Agência O Globo
A youtuber chega à 16º DP, na Barra da Tijuca, para prestar depoimento Foto: Paolla Serra / Agência O Globo

A Polícia Civil investiga como homofobia o motivo das agressões sofridas pela youtuber Karol Eller, conhecida por ser defensora do governo e amiga da família Bolsonaro. A jovem estava com a namorada em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, quando se envolveu em uma confusão com outras três pessoas, na manhã do último domingo (15).

O caso foi registrado como lesão corporal e injúria por preconceito na 16ª Delegacia de Polícia, na Barra da Tijuca.

Segundo a policial civil Suellen Silva dos Santos, namorada de Karol, as duas estavam no local quando conheceram um casal que estava acompanhado de um amigo. Na delegacia, ela narrou que, ao longo da conversa com o grupo, no domingo, um dos dois suspeitos, o supervisor de manutenção Alexandre da Silva, de 42 anos, se referiu a Karol como “ele” e disse que ela “não era mulher, era homem”.

Ainda em depoimento à polícia, Suellen narrou que, quando a namorada disse que queria ir ao banheiro, Alexandre teria sugerido que “ela fosse atrás do quiosque mesmo”, já que, como homem, “não precisava usar o sanitário”. A agente disse também que o supervisor a teria elogiado, dizendo que ela era “uma morena muito bonita”. “Está fazendo o quê com isso? Isso é um homem?”, teria questionado Alexandre, que, conforme Suellen, começou a empurrar Karol de um jeito provocativo, tendo “desferido soco na mesma até derrubá-la no chão e deixá-la desacordada”.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Karol deu entrada no Hospital Lourenço Jorge, também na Barra, e foi liberada nesta segunda-feira.

— Não estou conseguindo falar nem ler direito. Estou com fortes dores na cabeça. Só quero agradecer a todo carinho que tenho recebido dos meus amigos e seguidores — disse a youtuber à reportagem.

— Trata-se de um caso típico de homofobia, sem ligação com a militância da vítima. De acordo com os depoimentos, os agressores chamavam a Karol o tempo todo de sapatão e demonstravam claramente preconceito. Já requisitamos os exames de corpo de delito de todos os envolvidos e vamos fazer diligências para localizarmos câmeras que possam ter flagrado a confusão e possíveis testemunhas do fato — explicou a delegada Adriana Belém, titular da 16ª DP.

Suspeito nega: ‘Não sou homofóbico’

Também em depoimento, Alexandre e o casal de amigos desmentiram as agressões.

Alexandre contou que, quando chegaram ao quiosque, teriam percebido que uma pessoa, a Karol, estava com uma arma na cintura, “fato que chamou a atenção”.

O trio passou, então, a observá-la. Em determinado momento, Karol teria deixado a arma cair no chão, além de ter se apresentado como delegada federal.

Ainda de acordo com ele, o amigo tentou alertá-la sobre o risco do manuseio da arma, que pertence a Suellen. E declarou também que a youtuber teria ingerido cocaína no banheiro, estava agitada, correndo, e apresentava sinais de alteração, como ranger de dentes e olhos arregalados.

Disse ainda que a briga teve início quando Karol deu um soco no rosto do amigo e o agarrou, fazendo com que ambos caíssem no chão. Ele contou que a agrediu somente para se defender.

— Não sou homofóbico, não aconteceu nada disso que ela está dizendo. Eu e minha família estamos sendo ameaçados na rua por uma mentira absurda que essa menina inventou. Tenho certeza que vamos provar que estamos falando a verdade — disse à reportagem. (O Globo)

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