Trocar arroz por macarrão? Entenda a relação nutricional entre os dois

Foto: Pilar Olivares - 10.set.2020/ Reuters

Com a recente alta no preço do arroz, muitos consumidores podem se ver obrigados a trocar esse alimento por opções mais baratas.

Na quarta-feira (9), essa ideia foi sugerida pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto. Ele disse que a entidade deve promover uma campanha para que o brasileiro substitua o arroz por macarrão em seus pratos.

Mas será que o consumo desse ou de outros substitutos para o arroz é uma boa ideia do ponto de vista nutricional?

À CNN, a nutricionista Renata Saffioti afirma que o macarrão é, sim, um dos alimentos equivalentes ao arroz pela classificação do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde.

“A caraterística principal entre eles, o nutriente principal, é o carboidrato. Tanto do arroz, quanto do trigo (macarrão), da batata, da mandioca, entre outros”, disse. Ou seja, ao analisar apenas o tipo de alimento, a troca faz sentido.

No entanto, Saffioti destaca que a combinação nutritiva entre arroz e feijão não ocorre entre massas e a leguminosa mais presente no prato dos brasileiros.

“O arroz com feijão é uma combinação perfeita entre aminoácidos, que é um nutriente, e partes de proteínas. Arroz e feijão se complementam. Macarrão com feijão não faz essa mesma combinação, nem nutricionalmente nem de sabor”, disse. 

Outro ponto que tanto Saffioti quanto outros profissionais ressaltam é que, ao pensar em comer macarrão no lugar do arroz, não devem ser considerados como opção os macarrões instantâneos.

“Não vale mesmo. Essa troca não faz sentido porque o macarrão instantâneo é frito, completamente diferente do macarrão convencional. E vai trazer mais malefícios do que benefícios, tanto na saúde quanto no bolso”, diz Matheus Motta, nutricionista do WW Vigilantes do Peso.

Atenção aos acompanhamentos

Saffioti alerta também sobre a forma como o macarrão – ou outro substituto do arroz – seria incorporado à alimentação do brasileiro.

“Sem arroz, muito facilmente se tira o grupo alimentar dos feijões, os leguminosos, o que resulta em uma alimentação mais deficiente.”

Uma opção, nesse caso, seria incorporar alimentos como ervilha, lentilha, grão de bico e soja, entre outros, à refeição.

“O importante é trocar o feijão por outra leguminosa. Tem uma receita vegetariana muito comum [neste sentido] que é uma bolonhesa de lentilhas”, diz Motta, ressaltando que outros tipos de feijão, como o fradinho – que não tem caldo – podem combinar mais [com macarrão] porque podem ser consumidos como salada.

“Também tem macarrões feitos de outros tipos de farinha, além de trigo, como farinha de feijão ou de grão de bico. Talvez [seja uma boa ideia] fazer uma alternância entre esses tipos.”

Ele diz ainda que a variação nos hábitos alimentares, ainda que forçada pela questão financeira, pode gerar resultados positivos.

“É interessante introduzir novos alimentos, não ficar só no arroz e feijão, como lentilha, grão de bico, milho, e ervilha que estão disponíveis e não estão tão caros para ter uma alimentação saudável.”

Arroz incrementado

Os nutricionistas também recomendaram, às pessoas que não pretendem substituir o arroz, o uso de outros alimentos, no momento do preparo, para incrementar a refeição.

Para fazer o arroz “render”, uma ideia simples e não tão cara é cozinhá-lo junto com legumes ou grãos – como cenoura, milho, ervilha, brócolis, chuchu ou abobrinha. 

Dessa forma, o preparo vai ficar ainda mais nutritivo e ganhar, também, em volume. (CNN)

google news