Twitter anuncia fim de publicidade política na rede social

Logo na sede do Twitter — Foto: Marisa Allegra William/Twitter/Divulgação
Logo na sede do Twitter — Foto: Marisa Allegra William/Twitter/Divulgação

O presidente do Twitter, Jack Dorsey, afirmou nesta quarta-feira (30) que não vai mais permitir que publicidade política seja veiculada na plataforma.

Segundo Dorsey, a decisão foi motivada porque uma mensagem política ganha alcance quando as pessoas decidem seguir uma conta ou compartilhar conteúdo político. Pagar por esse alcance remove o aspecto de decisão do usuário, forçando as pessoas a ver mensagens políticas direcionadas. Segundo o executivo, essa não é uma decisão que deve ser comprometida pelo dinheiro.

“Publicidade política na internet é um desafio totalmente novo para o discurso cívico: otimização baseada em aprendizado de máquina, micro-direcionamento, informações sem checagem e vídeos falsos. Tudo isso em grande velocidade, sofisticação e escala arrebatadoras”, disse Dorsey em sua conta no Twitter.

Jack Dorsey, presidente-executivo do Twitter. — Foto: Lucas Jackson/Reuters
Jack Dorsey, presidente-executivo do Twitter. — Foto: Lucas Jackson/Reuters

O executivo afirmou que, embora a publicidade na internet seja algo muito poderoso e efetivo para os anunciantes, esse poder traz riscos significativos para a política, já que poderia ser usado para influenciar votos e afetar as vidas de milhões de pessoas.

Dorsey afirmou ainda que esses desafios vão afetar toda a comunicação na internet, não apenas as publicidades políticas. “É melhor focar nos problemas básicos, sem ter que adicionar o fardo que o dinheiro traz.”

A decisão final de como a plataforma irá lidar com isso será divulgada no dia 15 de novembro. Dorsey disse que haverá exceções, como publicidade que incentive as pessoas a se registrar para votar — nos EUA o voto não é obrigatório e um registro prévio é requerido para participar. O fim das publicidades políticas entrará em vigor no dia próximo dia 22.

Facebook tem opinião diferente

No último dia 17 de outubro, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, havia feito um discurso público, defendendo a rede social pela decisão de não retirar anúncios políticos, mesmo que contenham mentiras — o que gerou bastante polêmica nos EUA.

Mark Zuckerberg falou de liberdade de expressão em discurso na Universidade Georgetown, em Washington — Foto: Reprodução
Mark Zuckerberg falou de liberdade de expressão em discurso na Universidade Georgetown, em Washington — Foto: Reprodução

“Nós não checamos os fatos em anúncios políticos. Não fazemos isso para ajudar políticos, mas porque nós acreditamos que as pessoas deveriam ver por elas mesmas o que os políticos estão dizendo”, afirmou Zuckerberg na ocasião.

Em sua publicação, Dorsey demonstrou uma visão diferente da de Zuckerberg, que citou liberdade de expressão de políticos locais e com baixa expressividade como um dos motivos da manutenção desse tipo de publicidade.

“Isso não é sobre liberdade de expressão. É sobre pagar por alcance. E pagar para aumentar o alcance de um discurso político tem ramificações significativas que a estrutura democrática atual pode não estar preparada para lidar. Vale a pena dar um passo atrás”, disse.

Regulação da publicidade política

Dorsey disse ainda que é preciso olhar pra frente para discutir a regulação de publicidades de políticos, o que ele considera algo muito difícil de fazer.

“Transparência em anúncios é progresso, mas não é o bastante”, afirmou. “A internet traz capacidades inteiramente novas, e reguladores precisam pensar no futuro e assegurar um funcionamento justo das regras”.

O executivo disse ainda que sabe que o Twitter é apenas uma parte pequena do ecossistema de publicidade e que já testemunhou muitos movimentos sociais conseguirem grande alcance sem a necessidade de publicidade. (G1/Ba)

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