‘Usava-se a prisão provisória como instrumento de tortura’, diz Gilmar Mendes sobre Lava Jato

Foto : Roberto Jayme/Ascom/TSE

O ministro do Supremo Tribunal Federal  (STF) Gilmar Mendes aproveitou seu voto na tarde de ontem (2) no julgamento do recurso que pode anular sentenças da  Lava Jato para apontar supostos “abusos que vêm de longe” na operação. Ele citou as revelações das reportagens do site The Intercept, que mostraram a troca de mensagens entre os integrantes da força-tarefa em Curitiba e também o então juiz Sérgio Moro, agora ministro da Justiça e Segurança Pública.

De acordo com o Huffpost Brasil, o magistrado classificou como “instrumento de tortura” as prisões provisórias implementadas pela operação. 

“Hoje se sabe de maneira muito clara, e o Intercept está aí para confirmar, e nunca foi desmentido, que usava-se a prisão provisória como instrumento de tortura. Isto aparece hoje nestas declarações do Intercept. Feitas por gente como [Deltan] Dallagnol. Feitas por gente como [Sergio] Moro”, declarou Gilmar Mendes.

O ministro disse que a ordem em que as operações seriam realizadas era deliberada por Sergio Moro.
“Parece não haver dúvida de que o juiz Moro era o verdadeiro chefe da força tarefa de Curitiba”, completou Mendes. 

Ele pontuou que tem externado sua preocupação com a questão desde 2015, quando o ministro Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo em 2017, era relator da Lava Jato no STF. 

Para Mendes, já então, “a prisão estava parecendo antecipação da execução”. 

O ministro apontou episódios em que colegas da Corte foram citados em conversas de procuradores pelo Telegram. Ele citou, por exemplo, que a ministra Cármen Lúcia foi chamada de “frouxa”, e que houve uma troca de mensagens em que se dizia “aha, uhu, o [Edson] Fachin é nosso”, e outra com “In Fux We Trust”. “Eram gângsters no comando da investigação”, disse.

(Metro1)

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