Morreu nesta segunda-feira (21) o papa Francisco, aos 88 anos. Fiel ao desejo de simplicidade que marcou seu pontificado, Francisco teve um funeral diferente do que a tradição da Igreja Católica reserva aos papas. Ele aboliu cerimônias seculares e optou por um sepultamento fora do Vaticano — algo que não ocorria há mais de um século.
A decisão de Francisco havia sido oficializada no ano passado, quando o pontífice solicitou mudanças no protocolo fúnebre dos papas, tradicionalmente marcado por nove dias de velório e atos solenes. As instruções foram reunidas no documento “Ordo Exsequiarum Romani Pontificis”, aprovado por ele mesmo em abril de 2024.
O argentino escolheu ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, uma das igrejas que mais frequentava durante suas visitas e estadia na capital italiana. Antes dele, o último papa a não ser enterrado no Vaticano havia sido Leão XIII, em 1903, que optou pela igreja de São João de Latrão.
Além de escolher o local, Francisco dispensou outro costume centenário: o uso de três caixões — feitos de cipreste, chumbo e carvalho — que tradicionalmente envolvem o corpo do pontífice. Ele optou por um único caixão de madeira, com revestimento interno de zinco.
Outra mudança significativa foi o velório sem a tradicional plataforma elevada da Basílica de São Pedro. Durante as despedidas, o corpo permaneceu no caixão com a tampa aberta, para que os fiéis pudessem prestar suas homenagens de forma simples e direta.
De acordo com o arcebispo Diego Ravelli, Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, as mudanças foram um pedido pessoal de Francisco, que desejava que o funeral refletisse “a fé na Ressurreição de Cristo” e não um rito de Estado para uma figura poderosa.
A cerimônia de sepultamento foi acompanhada por autoridades e fiéis do mundo inteiro e marcou o encerramento de uma trajetória que rompeu com protocolos e reafirmou o compromisso de Francisco com a humildade e a simplicidade, valores que nortearam todo o seu pontificado.