A enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, de 53 anos, primeira pessoa a receber a vacina da Covid-19 na Bahia, recebeu alta médica e já voltou ao trabalho, depois de ter contraído a doença e ser internada no Hospital Couto Maia, em Salvador. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), ela permaneceu com quadro clínico estável e saiu da unidade hospitalar na última semana.
A profissional foi imunizada no dia 19 de janeiro, e receberia a segunda dose no dia 16 de fevereiro. Entre 12 e 13 de fevereiro, ela começou a sentir um mal estar e foi internada.
Maria Angélica ainda não recebeu a segunda dose do imunizante, mas, de acordo com a Secretaria da Saúde (Sesab), já está agendado o dia para a profissional receber a segunda aplicação. A data não foi divulgada.
A enfermeira atua no Núcleo Interno de Regulação da Sesab e já retomou às atividades normais depois de se recuperar totalmente da doença.
A médica infectologista Ceuci Nunes, que é diretora geral do Couto Maia, referência em tratamento de doenças infectocontagiosas no Brasil, explica como é possível que Maria Angélica tenha se infectado com a Covid-19 após ter tomado a 1ª dose.
“O que aconteceu com Angélica é que ela pegou a doença após a primeira dose, mas antes da segunda dose. Ela ia tomar a segunda dose no dia 16 e, entre 12 e13, começou a sentir um mal estar. Ela está bem, está usando pouco oxigênio, mas quando se movimenta fica um pouquinho desconfortável, por isso ela está sendo mantida ainda no hospital”, explicou Ceuci.
A médica explicou que, para a vacinação atingir a eficácia máxima, é preciso que a pessoa tome as duas doses e respeite a ‘janela imunológica’, que é o período que o organismo leva para produzir os anticorpos do imunizante.
“Não é à toa que a vacina são duas doses. Todas as vacinas, até o momento, a exigência é de duas doses. Exatamente porque na segunda dose se faz um reforço, aumenta a proteção. Claro que algumas pessoas já vão ter a proteção após a primeira dose, mas essa proteção pode não ser suficiente e a segunda dose é necessária”.
Apesar de casos como o de Angélica serem pontuais, ainda não há vacina 100% eficaz contra o covonavírus, o que torna possível ser infectado com Covid-19 mesmo após receber o imunizante. Por isso, a vacinação em massa é a única forma de conter a pandemia e evitar o aparecimento de variantes mais perigosas da Covid-19.
O imunizante tomado pela enfermeira Maria Angélica foi CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e que é fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan. Essa vacina tem eficácia geral de 50,38%, o que significa que o risco de pegar Covid-19 foi reduzido em 50%.
Na prática, significa que a CoronaVac tem potencial de:
- Reduzir pela metade (50,38%) os novos registros de contaminação em uma população vacinada;
- Reduzir a maioria (78%) dos casos leves que exigem algum cuidado médico;
- Além disso, nenhum dos vacinados ficou em estado grave, foi internado ou morreu.
Ceuci chama ainda a atenção para o fato de que, mesmo vacinada, a pessoa pode propagar a infecção, porque os estudos sobre a não transmissão do vírus após a vacina ainda não foram concluídos. Ela destaca a importância das medidas de proteção.
“Geralmente [a janela imunológica é de] no mínimo 15 dias. Para a vacina de Covid, a gente está falando de 20 dias depois da segunda dose, para você considerar que tem proteção. Mas é importante também a gente reafirmar que a gente não sabe se a vacina protege da infecção. Mesmo a pessoa vacinada, ela pode adquirir o vírus, não adoecer e transmitir. Isso é uma possibilidade que ainda não foi completamente afastada”.
“É importante que, mesmo as pessoas vacinadas, mantenham as medidas de proteção, de distanciamento e uso de máscara, até que a gente tenha 60 a 70% da população vacinada”. (G1)