A semana começou mal para o ministro Paulo Guedes, com “remanejamento” na equipe e mais um episódio de verborragia, e pode acabar ainda pior. Os deputados do Rio votam na quinta-feira (29) um decreto legislativo para suspender o leilão da Cedae. A concessão da empresa de águas e esgoto do estado do Rio seria um troféu para o ministro, que a cada dia enfrenta mais dificuldades de manter sua fama de liberal privatizador.
Discutindo a relação
A briga coloca em lados opostos o governador Cláudio Castro e o presidente da Assembléia Legislativa, André Ceciliano (PT). Após um churrasco com vinho (suco nem pensar, porque a água pode ter gosto de geosmina), os dois discutiram na fazenda do promotor do encontro, o empresário Chiquinho Brandão. Castro quer a concessão a qualquer custo. Ceciliano defende que ela só deve ocorrer se o governo federal, na sua visão, parar de prejudicar o Rio e criar melhores condições para o estado ingressar no Regime de Recuperação Fiscal.
Na terça-feira (27), Claudio Castro foi à casa de Ceciliano tentar convencê-lo mais uma vez a não atrapalhar o leilão. Não conseguiu. A disputa será voto a voto na Alerj. Nesta briga, Ceciliano leva ampla vantagem, mas a máquina do governo é sempre máquina…
Os bastidores
Já que o assunto é água, o blog contará os bastidores desta briga em conta-gotas:
- Castro cometeu o mesmo erro de Witzel: antecipou o debate eleitoral e esqueceu que, primeiro, tinha que governar. Os dois miraram em nas eleições de 2022: Witzel, com ego mais dilatado do que o do vice, queria ser presidente. Castro, sonha em ser reeleito governador.
- Por conta disso, Castro é acusado de pensar mais em agradar Bolsonaro do que em governar. Quer ser o candidato da família. Daí seu interesse na concessão da Cedae. Marcaria um gol para o governo federal, que precisa de uma grande privatização para chamar de sua.
- A irritação de Ceciliano é porque a ameaça de suspender a concessão da Cedae era jogo combinado com Castro. Ceciliano fazia o papel de mau policial e , Castro, o de bom moço. Com isso, eles iam conseguir condições melhores para o Rio sair da crise, mas Castro não conseguiu tirar nada de Paulo Guedes e ainda dar a Cedae de mão beijada, no entender de grande parte da Alerj.
- Já Castro desconfia que Ceciliano também age por interesse eleitoral. Com a volta de Lula ao cenário eleitoral, o PT precisará de um candidato forte disputar o Palácio Guanabara e dois nomes estão na mesa: o de Marcelo Freixo e, agora, o do próprio Ceciliano. Não faria sentido ajudar numa privatização que, na sua avaliação, só vai beneficiar adversários políticos e prejudicar o Rio.
Resumo da história
Esse humilde blog resume toda essa brigalhada da seguinte forma:
Na visão de Castro, Ceciliano é sabotador e quer batizar com água a gasolina do posto Ipiranga.
Na visão de Ceciliano, Castro é um boneco do posto: passa o dia acenando para Bolsonaro e só ganha vento. (Fonte: Correios 24h)