Uma pesquisa inédita do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da Pfizer Brasil, apontou que os brasileiros têm recorrentemente sofrido sintomas negativos diante da pandemia da Covid-19. Tristeza (42%), insônia (38%), irritação (38%), angústia e/ou medo (36%), além de crises de choro (21%) foram os cinco mais citados pelos entrevistados.
Os jovens foram os mais afetados. Metade dos respondentes entre 18 e 24 anos classificaram sua saúde mental durante a pandemia como ruim (39%) ou muito ruim (11%). Esse percentual ficou acima da média geral, de 5% e 25%, respectivamente.
O levantamento, chamado de “Saúde Mental na Pandemia”, foi realizado em agosto deste ano, entrevistando de forma virtual 2 mil homens e mulheres com 18 anos ou mais, na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba.
“Este é um cenário que vem sendo apontado desde março de 2020 e, por isso, merece acompanhamento diário de todos nós, já que continuamos no enfrentamento da pandemia. Obtivemos muitos avanços com o desenvolvimento e com a aplicação da vacina, mas sabemos que precisamos olhar para o corpo e para a mente já que a Covid-19 causou e causa marcas em todos nós”, explicou Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil.
Dos entrevistados, 21% chegaram a procurar ajuda profissional no período, sendo que 11% estão em acompanhamento especializado. Ansiedade (16%) e depressão (8%), transtornos costumeiramente relacionados ao suicídio, lideram a relação das condições diagnosticadas de forma mais recorrente, em que também aparecem doenças como a síndrome do pânico (3%) e a fobia social (2%).
Além do relato dos próprios respondentes, questionados se conheciam alguém que foi diagnosticado com algum problema relacionado à saúde mental durante a pandemia, 46% disseram que sim; as cidades de São Paulo e Belo Horizonte registraram o mesmo percentual, de 49%, seguidos de 47% em Salvador, 44% no Rio de Janeiro e 37% em Curitiba.
“Esses dados, infelizmente, representam a escalada assustadora dos agravos à saúde mental que vêm ocorrendo nas últimas décadas em nosso país, e que foi alavancada pela pandemia da Covid-19. Nesse sentido, esses índices colocam as estratégias para ampliação dos cuidados em saúde mental como prioridade inegável”, disse Michel Haddad, psiquiatra do HSPE/IAMSPE e pesquisador do departamento de Psiquiatria da UNIFESP.
“Devemos concentrar esforços para oferecer diagnósticos mais precoces e tratamentos adequados. Mais do que isso, devemos desenvolver e implementar ações efetivas de prevenção. Essas ações são de responsabilidade não só do poder público e das entidades dos profissionais ligados à saúde mental, mas também de toda a comunidade, começando pela diminuição do estigma relacionado aos transtornos mentais”, completou Haddad.
Dos entrevistados que foram diagnosticados ou fizeram algum tratamento desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus, 31% têm seguido tratamento com profissional de forma presencial e 17% por consultas online, além disso, 29% afirmam estar com medicação prescrita.
FINANÇAS
A situação financeira difícil ou o acúmulo de dívidas preocupou a maioria (23%) das pessoas ouvidas durante a pesquisa. Esse receio é equilibrado entre as cinco regiões pesquisadas. Curitiba teve o índice de 26%, seguida por São Paulo e Rio de Janeiro com 23%, Salvador com 22% e Belo Horizonte com 21%.
Porém, é possível observar que, novamente, essa preocupação foi maior entre os mais jovens, sendo citado por 26% daqueles que têm de 18 a 24 anos, 24% entre os de 25 e 44 anos, por 22% na faixa de 45 a 54, chegando a 19% entre os respondentes com 55 anos ou mais.
Na sequência, aparecem o medo de pegar Covid-19 (18%) e a morte de alguém próximo (12%). Assim como a apreensão com a situação financeira, esses últimos também foram relatados majoritariamente pelas mulheres. (BN)