Um pastor distorceu a passagem bíblica sobre submissão da esposa no casamento ao fazer apologia ao abuso sexual durante uma pregação, dizendo que “a melhor pessoa para estuprar é a esposa”. A repercussão foi tão negativa que ele pediu afastamento da função.
A passagem usada pelo pastor Burnett Robinson durante seu sermão foi Efésios 5, que entre os versículos 21 a 28, fala da cumplicidade entre marido e mulher no matrimônio, e o compromisso de um se dedicar ao outro, mantendo-se sob a missão do casamento diante de Deus.
No versículo 22 – que frequentemente é lido de maneira isolada e, portanto, equivocada – o apóstolo Paulo fala sobre o compromisso da esposa no casamento: “Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor”.
Em seguida, no versículo 25, o texto cobra a parte masculina: “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela”.
O pastor Robinson, fazendo uma divagação paralela ao tema do sermão que ele pregava na Igreja Adventista do Sétimo Dia Grand Concourse, no bairro do Bronx, em Nova York (EUA), sugeriu que os maridos podem exigir sexo de suas esposas, mesmo que isso resulte em estupro.
“Eu diria a vocês, senhores, a melhor pessoa para estuprar é sua esposa”, disse Robinson. Esse trecho, recortado em um vídeo de pouco mais de 1 minuto, circulou nas redes sociais e resultou em muitos protestos contra o pastor.
De acordo com informações do portal Religion News Service, na sequência da fala, Robinson dirige-se às mulheres: “Nesta questão de submissão, quero que saibam, francamente senhoras, que uma vez que se casem, não serão mais suas. Você é do seu marido. Você entende o que estou dizendo? Enfatizo isso porque vi no tribunal outro dia, na TV, uma senhora que processou o marido por estupro. E eu diria a vocês, senhores, a melhor pessoa para estuprar é sua esposa. Mas então ele foi legalizado”.
Uma petição online, na plataforma Change.org, foi criada para pedir a renúncia do pastor. Até o fechamento desta matéria, o número de apoiadores da petição era de 2.633 pessoas.
Embora o número não seja tão expressivo, foi o suficiente para que Robinson fosse afastado. A Associação da Grande Nova York da Igreja Adventista do Sétimo Dia informou que colocou Robinson em licença administrativa:
“O pastor Robinson lamenta profundamente a declaração e sabe que causou danos e deu um pedido de desculpas irrestrito”.
Além disso, a Divisão Norte-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia emitiu uma declaração dizendo: “Condenamos de todo o coração qualquer forma de comportamento ou retórica que perpetra qualquer tipo de violência contra as mulheres – ou qualquer pessoa. Não é isso que a Igreja Adventista do Sétimo Dia acredita”.
No entanto, a licença administrativa se tornou uma renúncia por parte do pastor na última quarta-feira, 24 de novembro. Kevin Lampe, porta-voz da denominação, confirmou que Robinson decidiu deixar a função eclesiástica, que ele havia exercido por nove anos.
Os Adventistas têm 1,2 milhão de membros nos Estados Unidos e Canadá. Sua origem remonta a William Miller, que previu que o mundo acabaria em meados da década de 1840 com base em sua leitura do Livro de Daniel. Como a previsão não se concretizou, seus seguidores se dividiram em grupos menores, um dos quais acabou se tornando a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Informações: Gospel + / por Tiago Chagas