Cinco décadas de pesquisa colocam Bahia em destaque no setor mineral

CBPM e destaques da mineração recebem homenagem na Assembleia Legislativa

Se hoje a Bahia é líder na produção de 19 substâncias minerais no Brasil, dentre elas, minérios e metais preciosos, como quartzo, magnesita e diamante, além de ser a única produtora no país de vanádio e urânio, a explicação se dá voltando 50 anos no tempo. Não existe vida moderna sem os produtos da mineração e, na Bahia, a atividade não se conta sem a história da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), que teve as suas cinco décadas de atuação comemoradas ontem, numa sessão solene na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). 

Terceiro estado em produção mineral do Brasil e primeiro do Nordeste, a Bahia arrecadou em CFEM, os royalties pagos pela atividade, R$ 174 milhões em 2021. Este ano, até novembro, a cifra já alcançou a casa dos R$ 163 milhões, distribuídos entre as regiões onde as substâncias são extraídas. No estado, o setor é responsável por 164 mil empregos diretos e indiretos, porém a conta é ainda mais elevada quando se imagina que a produção mineral está no início de diversas cadeias produtivas.

CBPM recebeu homenagem na Alba pelos 50 anos de atividade (foto: Ana Albuquerque/CORREIO)

Produtos que nascem em minas baianas são beneficiados e transformados nas mais diversas facilidades do dia a dia. É impossível imaginar um celular, ou um relógio sem os materiais do subsolo, muitas vezes extraídos na Bahia

“Hoje nosso estado exerce um papel importante na alimentação de pessoas aqui no Brasil e no exterior, com a nossa agricultura, mas não existe agro sem fertilizantes, que vêm da mineração. Não existe energia sem mineração porque bens minerais são necessários para produzir e distribuir energia”, exemplificou o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm. 

Para o presidente da empresa baiana, o sucesso do estado no setor se deve ao trabalho de muitas gerações. “Nós temos 50 anos de trabalho, somos o estado brasileiro que melhor conhece o seu subsolo, o mais bem mapeado”, destacou Tramm. Ainda que valorize o sucesso alcançado pela atividade nos últimos anos, ele acredita que estamos diante de um longo processo de expansão. Hoje, a Bahia é o primeiro estado em pesquisa de novas áreas e o segundo em volume de investimentos previstos para os próximos anos, atrás apenas de Minas Gerais. 

Segundo ele, em breve a CBPM deverá divulgar o lançamento de uma nova província mineral no estado – uma região que concentra um volume expressivo de potenciais reservas no semiárido. Outro destaque viabilizado pela pesquisa, acrescenta, é o potencial de produção no raio de 100 quilômetros de distância da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), corredor logístico que vai ligar o litoral Sul da Bahia ao Centro-Oeste do país, quando estiver concluído. 

Os desafios logísticos são justamente os gargalos que a Bahia precisa enfrentar para aproveitar o potencial que a mineração tem para promover desenvolvimento, emprego e renda. Ele Lembrou que nos últimos anos a CBPM encampou campanhas para destravar as obras da Fiol e por uma solução para a recuperação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). “Sem logística, todo este potencial continuará no subsolo e não vai se transformar em bem estar para os baianos”. 

O deputado estadual Angelo Almeida (PSB), autor da homenagem para a CBPM na Alba, destacou a relevância econômica da atividade para a Bahia. “Estamos falando de um crescimento de 14,2% em relação a 2021, de uma atividade que atraiu R$ 1,5 bilhão em investimentos, entre recursos privados e públicos”, lembrou. “Nós temos mais de 40 substâncias minerais com potencial econômico aqui, é preciso valorizar este potencial”, defendeu. 

Natural de Campo Formoso, o presidente da Alba, Adolfo Menezes (PSD), lembrou que em sua região podem ser encontradas diversas minas, como de ouro, ametista, esmeraldas, cromo e calcário, por exemplo. “Onde a mineração está presente, ela leva o desenvolvimento”, destacou. 

Presidente do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann ressaltou o potencial que a Bahia tem para contribuir com a oferta de substâncias necessárias para uma transição de energética que freie as mudanças climáticas. “Estamos falando de um setor que faturou R$ 339 bilhões no ano passado, que contribuiu com R$ 17 bilhões em impostos, mais R$ 10 bilhões em royalties e que é fundamental para o superavit da balança comercial. Porém, a maior contribuição que podemos dar está no combate às mudanças climáticas”, apontou.

“Graças ao trabalho da CBPM e das empresas aqui na Bahia, sabemos que podemos encontrar aqui no estado diversos minerais estratégicos e críticos para a transição a uma economia de baixo carbono”, disse. “Este é um desafio que precisa ser enfrentado, porque não existe nada mais imoral do que entregarmos para as futuras gerações um mundo pior do que o que recebemos”, enfatizou. 

Jungmann enfatizou que o setor mineral baiano deve investir nos próximos anos um volume de aproximadamente R$ 20 bilhões.

“A Bahia deve crescer muito nesta área, mas já é uma realidade há muito tempo. Estamos falando de 400 empresas, em 186 municípios, lidando com 40 substâncias. Isso tudo só é possível pelo papel da CBPM”, acredita. 

Reconhecimento
A sessão em homenagem à CBPM serviu também para o reconhecimento do trabalho de diversas empresas e integrantes do setor mineral na Bahia. Além da Largo e o seu presidente, Paulo Misk, que foram escolhidos para o premio anual do setor, concedido pela CBPM, o presidente da Assembleia recebeu uma medalha, concedida pela CBPM, e o presidente da empresa, Tramm, e os diretores Rafael Avena e Carlos Luciano de Brito Santana receberam um reconhecimento concedido pelo Sindimiba, entidade que representa as empresas do setor na Bahia. 

Paulo Misk, que também preside o Sindimiba, ressaltou que o trabalho realizado pela CBPM na Bahia vai além da pesquisa mineral. “Precisamos reconhecer o empenho da CBPM e da sua direção na luta por melhorias nas condições logísticas da Bahia e por uma atuação mais sustentável do setor, com a implantação dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU)”, avaliou. 

Paulo Misk, Raul Jungmann e Antonio Carlos Tramm (Foto: Ana Albuquerque/CORREIO)

O líder da Largo e do Sindimiba ressaltou o papel social da mineração no estado, lembrando que além do impacto econômico, as empresas se responsabilizam por uma série de ações que trazem resultados positivos do ponto de vista ambiental e social também.

“A Bahia merece ter uma mineração forte, com empresas preocupadas em fornecer cada vez mais oportunidade, dignidade para as comunidades do entorno e oferecendo à sociedade os produtos necessários para que todos tenham uma vida digna”, acredita. 

Misk defendeu a necessidade de mostrar cada vez mais que a mineração opera com níveis elevados de responsabilidade. “Eu cito o nosso exemplo na área ambiental. Primeiro que buscamos aproveitar o máximo possível de tudo o que retiramos da natureza. Em segundo lugar, eu gosto de apresentar este exemplo, nós usamos uma área de 4,3 mil hectares em Maracás e preservamos outra de 4,7 mil hectares”, disse. 

Para Paulo Misk, a premiação recebida pela empresa significa um reconhecimento da dedicação da Largo em tornar suas operações cada vez mais sustentáveis e ao intenso trabalho na área de responsabilidade social. “Temos muito orgulho de contribuir para o desenvolvimento de toda a comunidade, por meio de apoio e investimentos nas mais diversas iniciativas sociais, sobretudo nas áreas de saúde, educação e esportes e geração de emprego e renda. E de todas essas temos um olhar muito cuidadoso para a educação e a qualificação”, avalia. 

“Nos últimos dois anos, tivemos grande parte de nossos investimentos direcionados para área de saúde, ajudando o poder público e as comunidades no enfrentamento da Pandemia. Este ano, o foco se voltou de novo para a educação, área que responde por 36% de nossos investimentos este ano”, ressalta Misk. (Correio)

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