Após moeda de R$ 1 ser achada em acarajé, antropólogo vê relação com orixás e sorte: ‘Fartura e felicidade’

Após uma moeda de R$ 1 ser achada em um bolinho de acarajé em Salvador, usuários das redes sociais comentaram sobre a possibilidade do quitute ser oferecido aos orixás para dar sorte nas vendas do local.

“Essa foi oferecida para os orixás para dar sorte à vendedora e por acaso caiu no prato dele”, disse uma internauta
No entanto, para a presidente da Associação Nacional de Baianas de Acarajé (ABAM), Rita Santos, a situação não se tratou de uma oferenda, e sim de um erro da baiana ou da ajudante no tabuleiro.

“Isso não existe. Ali foi um descuido da baiana ou mesmo da ajudante. Dentro do terreiros, em sua oferenda sagrada, pode sim, ter, mas na rua, não”, garantiu.

Nas redes sociais, seguidores disseram que moeda em bolinho era oferenda — Foto: Arte g1
Foto: Arte g1

Apesar da afirmação da presidente da ABAM, o antropólogo e professor da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Vilson Caetano acredita que, de fato, se tratava de um oferenda.

“Existe a prática de se ‘enfeitar’ os acarás [acarajés] com moeda pedindo dinheiro e movimento no comércio. O curioso é que geralmente estas oferendas não transitam entre clientes, mas ficam entre os outros acarajés”, explicou.
Segundo o antropólogo, o quitute oferecido se chama acarajé de preceito e é diferenciado dos outros bolinhos que ficam no tabuleiro, de onde não deve sair, já que é oferecido aos orixás.

“Ele é oferecido ao orixá Exu, que é orixá do comércio; é oferecido ao orixá Ibeji, que são os gêmeos, que está ligado à comida e ao comércio também; e está relacionado também ao orixá Oyá, que é lembrada como a dona do acará, que nós chamamos de acarajé”, complementou.
De acordo com Vilson, algumas baianas costumam jogar o acarajé de preceito na rua, antes de iniciar as vendas, enquanto outras distribuem os bolinhos ou deixam no tabuleiro. “Provavelmente foi alguma pessoa desavisada que pegou esse bolinho e colocou no meio da porção”, especulou.

Questionado se o acarajé poderia trazer sorte e dinheiro para o cliente, o antropólogo disse que sim.

“É como se a fartura e felicidade tivessem escolhido ele. Para os africanos, dar é bom para quem doa e para quem recebe”, destacou. (G1)

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