Bahia registra ao menos nove mortes violentas de rifeiros em um ano; relembre crimes

Em todos os casos, as motivações dos crimes não foram reveladas pela Polícia Civil.

BA tem registrado crimes contra rifeiros nos últimos anos — Foto: Acervo pessoal

A Bahia registrou ao menos nove mortes violentas de rifeiros entre junho de 2022 e julho deste ano. A última vítima foi o jovem Willy Cleiton, de 20 anos, que teve o corpo identificado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), na quinta-feira (20), após ficar desparecido desde domingo (16), em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

Neste período, o g1 noticiou assassinatos ocorridos na capital baiana, em Camaçari e Feira de Santana. Em alguns dos casos, as vítimas ficaram desaparecidas antes do corpo ser encontrado.

Não há comprovação de que os assassinatos tenham relação, nem que tenham sido motivados pela profissão das vítimas. No final do ano passado, a Rede Observatório de Segurança informou que acompanhava as investigações de, pelo menos, sete casos de rifeiros assassinados na Bahia.

Em todos os casos, as motivações dos crimes não foram reveladas pela Polícia Civil.

A jovem rifeira Jaiane Santos Costa, de 22 anos, desapareceu após sair da casa onde morava, na Boca do Rio, em Salvador, no dia 10 de junho de 2022. Para a família, ela falou que sairia para comprar uma passagem para Amargosa, município em que pretendia passar os festejos juninos.

O corpo dela foi encontrado no dia 6 de julho, na Avenida Dois de Julho, no bairro de Águas Claras, que também fica na capital baiana. Ao menos três pessoas chegaram a ser levadas para delegacias sob suspeitas de envolvimento no crime. No entanto, elas foram liberadas.

A Polícia Civil não disse que o crime tem um indicativo de autoria, mas não revelou o nome do suspeito.

No dia 20 de junho, outra rifeira em Salvador, foi vista pela última vez na Rua Oito de Dezembro, no bairro de Pirajá. O corpo de Isabela do Espírito Santo, foi identificado pela família no dia 14 de julho, na capital baiana.

Gêmeos mortos

Ainda em julho, os gêmeos rifeiros Rubens Nascimento Santos e Ruan Nascimento Santos, foram assassinados no bairro de Santa Luzia do Lobato, no subúrbio de Salvador. Eles tinham ganhado pelo menos duas vezes também na rifa.

Caso em Feira de Santana
Em setembro do ano passado, no conjunto Feira VII, em Feira de Santana, a 100 km de Salvador, um homem identificado como Alex Silva de Almeida, de 31 anos, foi morto a tiros. O crime foi cometido por dois homens que chegaram em uma motocicleta.

Casal com mais de 100 mil seguidores

Um casal que trabalhava com a venda de rifas na internet foi morto a tiros, no dia 11 de dezembro de 2022, em uma praia na Barra do Jacuípe, em Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador. As vítimas foram identificadas como Rodrigo da Silva Santos, 33 anos, e Hynara Santa Rosa da Silva, de 39.

Nas redes sociais, o casal acumulava mais de 100 mil seguidores até o domingo e era conhecido como DG e Naroka Rifas. Eles foram baleados no peito e na cabeça, e deixaram dois filhos.

Até o momento, ninguém foi preso. A Polícia Civil não detalhou qual a linha de investigação traçada, porém, adiantou que os tiros foram deflagrados por dois homens. As vítimas foram alvejadas no peito e na época do ocorrido, a polícia informou que os autores esperaram, ao menos, duas horas para cometerem o crime.

‘Rei do Iphone’

O empresário dono de uma loja de celulares, Alan dos Santos Oliveira, de 31 anos, foi morto a tiros, no dia 1° de junho deste ano, em um prédio comercial no Caminho das Árvores, em Salvador.

A vítima, que se intitulava o “Rei do Iphone”, tinha mais de 220 mil seguidores em uma rede social, onde também vendia rifas. Além da loja de celulares em Salvador, ele tinha outro estabelecimento do mesmo tipo em Feira de Santana, a 100 quilômetros da capital baiana.

O suspeito fugiu do local e não foi preso até a noite desta quinta-feira (1º).

Willy Cleiton

O jovem desapareceu no domingo (13), após sair da casa onde morava, no bairro de Pero Vaz, em Salvador, e não retornar mais. Na ocasião, ele saiu com amigos para a BR-324, no trecho de Simões Filho, para fazer manobras com motocicletas e tirar fotos.

Moradores e amigos do jovem contam que o grupo foi perseguido por policiais militares, que estavam em uma viatura. O grupo se dispersou e Willy teria entrado em uma matagal, não sendo mais visto.

Na terça-feira (18), a Polícia Civil fez buscas na região e encontrou um corpo em estado de decomposição. A morte da vítima foi confirmada pelo DPT na quinta-feira (20).

Testemunhas afirmam que houve perseguição aos jovens na região. Os moradores também contaram que ouviram tiros. O rifeiro não tinha passagem pela polícia.

Questionada sobre as versões apresentadas pelas testemunhas para a família, a Polícia Militar não se posicionou.

A família de Willy acredita que ele se assustou com a situação e fugiu pela área de matagal para não ser baleado. Disse ainda, que quer saber o motivo dos agentes das corporações da região terem dito a eles que não havia nenhum registro de ações policiais no local naquele dia.

A divulgação de promoções e venda de rifas em redes sociais é comum. No entanto, a distribuição de prêmios por meio de sorteios deve seguir uma série de regras estabelecidas pelo Ministério da Economia.

De acordo com a Lei nº 5.768, de 1971, e a Portaria nº 20.749, de 2020, a distribuição de prêmios mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou operação semelhante por organizações da sociedade civil só pode ocorrer mediante autorização prévia do Ministério da Economia.

Para obter a autorização, é preciso enviar um pedido ao Sistema de Controle de Promoção Comercial (SCPC), de 40 a 120 dias antes da promoção.

Segundo a legislação, a autorização somente é concedida à pessoa jurídica que exerça atividade comercial, industrial ou de compra e venda de bens imóveis. Dessa forma, pessoas físicas não podem realizar promoção comercial. (G1)

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