Bahia tende à estabilizar casos da covid-19

Foto: Divulgação/Sesab

A Bahia parece estar entrando em uma estabilização no número de infectados pela covid-19. Segundo o boletim da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) divulgado no final da tarde de terça-feira (15), o estado possui, atualmente, 24.276 pacientes com o vírus ativo, o que representa uma queda de 19,1%, se comparado com a quinta-feira (10), quando havia 30.018 casos ativos. Apesar dos números estarem diminuindo há cinco dias, especialistas são cautelosos em cravar que o estado entrou em um momento de redução da doença.

Na manhã de segunda-feira (14), o governador Rui Costa afirmou que a curva de casos ativos está caindo, apesar de ainda se encontrar em um patamar elevado. “Chegamos a ter, há duas semanas, 37 mil casos ativos, o maior número desde o início da pandemia. Mas, graças a Deus, esse número caiu. Apesar de ser ainda muito alto e maior do que o de março do ano passado”, acrescentou Rui.

Para o infectologista e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, a Bahia pode estar entrando em um platô, se a queda dos números continuar. “Se permanecer estável nesses próximos dias é um platô. É importante entender que a Ômicron possui um platô muito curto e aí sim existe uma tendência de iniciar queda no número de casos”, explica.

O chamado platô corresponde a uma estabilização no número de novas confirmações da doença, quando não há aumento nem redução significativas referentes a esses números. A secretária da Saúde da Bahia, Adélia Pinheiro, destaca que a pandemia não se dá de maneira regular, o que dificulta as estimativas.

“É importante manter a situação atual, que é de alerta. A pandemia covid não nos oferece até hoje uma regularidade que nos permita fazer grandes previsões para o futuro. Esperamos sim que comece a cair”, diz a secretária

Adélia Prado acrescenta que a tendência é que a covid-19 comece a dar trégua ainda neste mês. “A expectativa é de diminuição (de casos) se ocorrer o que aconteceu em outros lugares do mundo. Mas hoje estamos em alerta. Não podemos diminuir nossa atenção para a covid porque estamos lidando com a vida dos queridos, se não o meu e seu, o de alguém”, diz.

Estabilidade
O professor da Universidade Estadual de Feira de Santana e coordenador do Portal Geocovid, Washington Franca, afirma que padrão atual de casos mostra um patamar de estabilidade. Apesar disso, o pesquisador é receoso em falar em queda: “Espera-se queda a partir do início de março, se for mantido o padrão verificado em outros países”.

Para Márcio Natividade, professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ICS/UFBA), ainda é cedo para cravar que o estado está apresentando diminuição no número de casos, principalmente por conta das festas que costumam ocorrer em fevereiro. Para ele, os casos ainda têm chances de aumentar novamente durante este mês.

“Eu entendo que ainda é cedo porque estamos em um mês festivo e vamos ter eventos privados durante o Carnaval […] E existe a chance de propagação de casos, acho que falar sobre estabilidade será possível a partir dos primeiros quinze dias de março”, defende.

Ômicron mais fraca
Em países como Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos, foi possível notar que a variante Ômicron possui um pico de duração de cerca de dois meses. Se esse padrão se repetir no Brasil, o número de casos deve começar a cair no final de fevereiro. “Já observamos em estados como São Paulo e Rio de Janeiro a queda de casos e internações, respeitando o mesmo padrão da onda epidêmica que deve durar de oito até 12 semanas”, explica Julio Croda.

Essa queda, no entanto, deve ser sentida de maneira diferente em cada estado e município brasileiro, uma vez que os surtos se iniciam nas capitais e grandes centros urbanos e repercutem no interior ao longo das semanas. “Teoricamente, a queda deve ser sentida na terceira semana de fevereiro. Mas isso depende muito da concentração urbana, das medidas adotadas em cada lugar”, diz Maria da Glória Teixeira, epidemiologista do ICS/UFBA.

A diferença pode ser percebida nos gráficos de diferentes estados do país. Enquanto que na Bahia a taxa de casos caminha para uma estabilidade ainda alta, em estados como São Paulo e Rio de Janeiro a média móvel de casos diminui desde o início de fevereiro. No Ceará, a média tem registrado queda desde o dia 9 de fevereiro.

No cenário nacional, a média de casos caiu pelo quinto dia seguido e está em 134.130, o que representa uma diminuição de 8,64% dos casos registrados na quinta-feira (10). As médias móveis consideram as médias dos números registrados nos últimos sete dias e servem para corrigir eventuais desvios.

Números costumam ser menores nos finais de semana
O primeiro dia útil da semana costuma trazer números maiores de casos e mortes por covid-19. Isso porque há o represamento de dados do final de semana, que ocorre por conta do número menor de trabalhadores alimentando os sistemas de informações. Mesmo assim, o estado registrou 26.547 casos na segunda-feira (14), o menor desde o dia 26 de janeiro, quando foram registrados 23.985 pacientes ativos na Bahia. De segunda-feira para ontem, houve uma redução de mais de 2,2 mil casos nos registros. A terça-feira (15), então, passou a ser o dia com menos registros em comparação a 26 de janeiro.

“Temos que lembrar que o sistema de informação depende de alguém para lançar os dados […] Por isso, percebemos nos finais de semana uma redução, seguida de um aumento de lançamentos nas segundas-feiras. Mas os dados represados são lançados com a data de notificação”, explica Márcio Natividade. O professor também lembra que os sistemas evoluíram desde o início da pandemia e que os dados são mais fiéis à realidade do que eram no início de 2020.

O médico sanitarista da Fiocruz Vinícius Oliveira também chama a atenção para a redução do número de casos ativos percebida na segunda-feira, em relação ao final de semana: “Quatro dias é muito pouco para falar em estabilidade. Além do mais considerando que foi o final de semana. É preciso analisar a curva das últimas quatro semanas, no mínimo”.

Ainda segundo ele, as internações continuam em um patamar alto, o que corrobora para o posicionamento de que ainda é cedo para falar em queda. A taxa de ocupação em leitos de UTI para covid-19 no estado estava em 69% para os adultos e 82% para crianças, na terça-feira (15), segundo a Sesab. Por isso, os especialistas são unânimes em reforçar a necessidade do uso de máscaras e vacinação para conter o avanço do vírus e casos sérios da doença. (Correio)

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