A ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na manhã desta terça-feira (28) reconhece os esforços do Ministério da Fazenda para a queda dos juros, mas fala em “paciência” e “serenidade”.
O ministro Fernando Haddad já mostrava desconforto por sentir que o BC não estava valorizando devidamente o esforço fiscal que o governo tem feito em pouco tempo de gestão.
Apesar dos acenos ao Ministério da Fazenda, o Copom continua alegando que a expectativa de inflação está acima da meta e, por isso, será preciso manter as taxas. Na ata, o comitê afirma ainda que não hesitará em subir novamente os juros, se necessário. Especialistas já avaliam que, apesar dos acenos, a mensagem não mudou o resultado final.
Na ata, o comitê mandou ainda um recado ao BNDES, dizendo que se houver taxas de juros diferenciadas, subsidiadas, como está querendo o Banco Nacional, o juro neutro subirá. Isso significa que será necessário mais juros para o mesmo resultado na inflação.
Em entrevista à Rádio Metropole nesta terça-feira (28), o economista e presidente da Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (AFBNDES), Arthur Koblitz, classificou a questão do BNDES como tão problemática quanto a independência do Banco Central.
“Hoje (desde o governo Temer) a taxa de juros do BNDES está indexada com essa taxa de juros básica da economia. Isso dificulta o BNDES injetar dinheiro na economia, não temos mais uma proteção para quem investe em infraestrutura, na indústria. Esse é outro problema que estava colocado, o governo apresentou algumas medidas para lidar, mas ainda estão no Congresso. A questão é o pouco tempo, quanto tempo o governo tem para mudar o rumo da economia”, disse. (Metro1)