Bolsonaro diz que país precisa da imprensa ‘para que a chama da democracia não se apague’

Foto: MIGUEL SCHINCARIOL / AFP

Dois dias depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a retirada do ar de reportagem da revista digital “Crusoé ” que citava o presidente da corte, Dias Toffoli , o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que o país precisa da imprensa para que “a chama da democracia não se apague”.

—  Que pese alguns percalços entre nós, nós precisamos de vocês para que a chama da democracia não se apague —  disse Bolsonaro, dirigindo-se à imprensa, mas sem mencionar o episódio do STF, durante discurso na cerimônia de comemoração do Dia do Exército no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.

A decisão de Moraes foi classificada por especialistas e entidades de defesa do jornalismo como censura ao veículo, que publicou informações que constam de inquérito da Lava-Jato no âmbito da Justiça Federal em Curitiba.

No evento, Bolsonaro defendeu a publicação de “palavras, letras e imagens que estejam perfeitamente emanados com a verdade” e disse crer ser necessário trabalhar por isso para “um Brasil maior, grande e reconhecido em todo cenário mundial”.

Bolsonaro acumula um histórico de críticas em função de sua reação em redes sociais contra veículos de imprensa, ações que ele classificou nesta quinta como “percalços”.

— Que as pequenas diferenças fiquem para trás —  disse o presidente, que não quis dar entrevista depois da cerimônia.

O discurso do presidente durou cerca de seis minutos. Durante o evento, ele cumprimentou jornalistas e políticos que foram homenageadas com diplomas ou medalhas do Exército, entre elas a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) e a deputada estadual Janaina Pachoal (PSL-SP). Segundo assessores, depois de almoçar com o comandante do Comando Militar do Sudeste, o general Ramos, Bolsonaro viaja para o Guarujá, no litoral de São Paulo, onde passará o feriado da páscoa.

Projeto de Colégio Militar em SP

Durante o evento, Bolsonaro pediu a ajuda de empresários para tirar do papel uma de suas promessas de campanha: a construção de um colégio militar no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, que ele promete ser o maior do Brasil.

— Colaborem conosco na construção deste que será um colégio exemplo para todo Brasil, no coração de São Paulo. Tenho certeza que nós estaremos juntos, como sempre estivemos, em outros empreendimentos no passado — disse o presidente.

Segundo ele, o assunto tem sido tratado com o prefeito Bruno Covas, presente no evento e um dos agraciados com a medalha do Exército. O presidente disse que as negociações do Ministério da Defesa com a prefeitura estão avançadas.

—  Faremos o tudo possível para que em cada capital de estado onde por ventura não exista um colégio militar, nós construiremos lá também — afirmou.

No início do evento, Bolsonaro fez menção ao fato de o ato ser realizado na praça Mário Kozel Filho. Trata-se de uma homenagem ao sargento morto em 1968 durante atentado promovido com um carro bomba pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), no quartel do Exército, em São Paulo.

—  Mario Filho foi vitimado por aqueles que não tinham compromisso com a democracia — disse. (O Globo)

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