Cofundador do Instagram acusa Zuckerberg de frear crescimento do app após compra pela Meta

Kevin Systrom depõe em julgamento antitruste e afirma que falta de apoio da empresa foi um dos motivos de sua saída

O cofundador do Instagram, Kevin Systrom, afirmou em depoimento nesta semana que Mark Zuckerberg limitou o crescimento do aplicativo após a aquisição pela Meta (antiga Facebook), em 2012.

A declaração foi feita em um tribunal federal em Washington, durante o julgamento antitruste movido pelo governo dos Estados Unidos contra a big tech, que pode levar ao desmembramento da empresa.

Convocado como testemunha-chave pela Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC), Systrom relatou que a Meta não forneceu os recursos necessários para o Instagram atingir seu pleno potencial.

]“Mark Zuckerberg e Chris Cox acreditavam que o crescimento do Instagram era, em grande parte, o responsável pela queda de usuários ativos diários do Facebook”, afirmou o executivo.

Systrom também revelou que a Meta cortou ferramentas essenciais para o desenvolvimento da rede social e não cedeu a equipe adicional que havia sido solicitada.

Um e-mail enviado por ele em 2017, apresentado no julgamento, registrava a frustração com a situação: “Recebemos zero dos 300 funcionários adicionais para vídeo, o que é uma resolução inaceitável e ofensiva”.

Outro ponto criticado por Systrom foi a estratégia da Meta de integrar os sistemas do Instagram, Facebook e WhatsApp sob a ideia de uma “família de aplicativos”, o que, segundo ele, comprometeu a autonomia do Instagram.

Ele e o cofundador Mike Krieger deixaram a empresa em 2018, movimento semelhante ao dos fundadores do WhatsApp, Jan Koum e Brian Acton, que também romperam com a companhia após divergências com Zuckerberg.

Na última sexta-feira (18), o próprio Mark Zuckerberg prestou depoimento e afirmou que o sucesso do Instagram e do WhatsApp se deve à estrutura e aos investimentos do Facebook. Em nota, a Meta rebateu as acusações: “Documentos de anos atrás e fora de contexto sobre aquisições que foram analisadas pela FTC há mais de dez anos não vão obscurecer as realidades da concorrência que enfrentamos nem suplantar a fraca argumentação da FTC.”

O julgamento é considerado um dos mais importantes contra uma gigante da tecnologia nos EUA nos últimos anos e pode mudar o rumo da atuação da Meta no mercado digital.

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