O mercado financeiro voltou a ficar tenso nesta sexta-feira, 3, em meio à cautela generalizada em relação ao impacto da pandemia do coronavírus na economia. O dólar comercial superou a marca de 5,31 reais, e a bolsa de valores brasileira voltou a ser negociada abaixo dos 70 mil pontos, após os casos da Covid-19 no mundo superarem 1 milhão e os dados de emprego nos Estados Unidos piorarem.
A moeda americana era negociada a 5,3182 reais, em média, para a venda, às 13h30, atingindo a sua cotação máxima histórica durante o dia, caminhando para fechar a sua sétima semana consecutiva de alta. O índice Ibovespa caia 5,5%, para 68.312 pontos, com Usiminas liderando as perdas, com queda de 12%, após anunciar paralisação de alto fornos.
Os casos globais de coronavírus ultrapassaram 1 milhão na quinta-feira, com mais de 52 mil mortes, uma vez que a pandemia explodiu nos Estados Unidos e o número de mortos avançou na Espanha e na Itália. O impacto econômico de tamanha disseminação continuava assustando os mercados, principalmente após dados norte-americanos praticamente confirmarem uma recessão na maior potência do mundo. Nesta sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que os empregadores do país cortaram 701 mil empregos no mês passado, depois de criarem 275 mil postos de trabalho em fevereiro. A taxa de desemprego disparou de 3,5% para 4,4%.
Segundo especialistas, o problema continua sendo a ausência de um espectro temporal, pois a restrição à demanda pela paralisação se une ao temor pela perda de emprego e renda, os quais se convertem em adicionais restrições à demanda, piorando a atividade econômica como um todo.
O pessimismo é visível nos mercados internacionais, com o dólar ganhando até mais de 1% contra lira turca, peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, moedas arriscadas pares do real. Entre analistas, não há expectativa de melhora do cenário tão cedo, o que pode continuar pressiondo divisas emergentes, como o real.
Só em 2020, o dólar já acumula alta de mais de 30% contra a moeda brasileira. Apesar de a crise de saúde ser fator importante para essa valorização, analistas apontam a falta de fluxo estrangeiro nos mercados brasileiros como uma pressão adicional sobre o real. O atual patamar da Selic, em mínima histórica de 3,75% ao ano, colabora para a redução do investimento vindo do exterior, uma vez que reduz rendimentos atrelados à taxa básica de juros, tornando alguns ativos brasileiros menos atraentes. (VEJA)