Em uma audiência que durou mais de cinco horas e que contou com momentos tensos, discussões e bate-boca, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou o sucesso da parceria entre governo e Congresso, e foi firme ao dizer que o país vai ter crescimento do PIB com inflação reduzida em 2024. A audiência foi realizada nesta terça-feira (22) pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, presidida pelo deputado Mário Negromonte Jr.
No início da audiência, Mário Negromonte fez um agradecimento ao ministro da Fazenda, lembrando que os membros da Comissão de Finanças e Tributação foram chamados para um encontro com Haddad, para apresentação dos projetos de regulamentação da reforma tributária. Negromonte elogiou o tratamento dispensado por Haddad aos parlamentares, e o “respeito, carinho e atenção do Ministério da Fazenda para com a Comissão de Finanças e Tributação”.
Em resposta ao deputado baiano, o ministro agradeceu e cumprimentou Mário Negromonte Jr. pela maneira como vem conduzindo os trabalhos da Comissão neste ano e por tratar com respeito os membros da equipe econômica.
“Nós temos tido um diálogo muito produtivo, e o presidente Lula sempre faz questão de exaltar o fato de que todas as propostas encaminhadas pela área econômica ao Congresso Nacional receberam um tratamento digno. Isso significa dizer que nós temos total consciência de que vivemos numa democracia, deputado Mário Negromonte. Nós temos clareza disso e queremos continuar vivendo numa democracia”, disse Haddad.
Apesar da troca de gentilezas entre o ministro e o presidente da Comissão, a audiência teve momentos de tensão, como durante a fala do deputado Filipe Barros, do PL do Paraná. Curiosamente, alguns minutos antes da participação de Barros, o deputado Mario Negromonte disse que o clima estava bom durante a audiência, e que ele iria fazer “todo o esforço possível para manter esse ambiente”.
Ignorando os apelos de Negromonte, o deputado Filipe Barros afirmou que o país está vivendo uma “pandemia econômica” e que os números atuais do Ministério da Fazenda são “piores” que os registrados na crise sanitária da Covid-19. Barros também acusou o governo federal de “maquiar” os dados relacionados às contas públicas.
Em resposta, Fernando Haddad disse que “não vale a pena trabalhar com fake News”, e destacou que o parlamentar de oposição estaria colocando na conta do governo atual o pagamento de precatórios herdados da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Só tiveram dois presidentes que deram calote: Collor e Bolsonaro. Aí vem o presidente e paga o calote, ‘ah, olha o déficit que o presidente Lula fez’. Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote. Eu não quero polarizar com o senhor, não vim para cá para isso, vim para restabelecer a verdade”, disse o ministro.
Outro momento de tensão aconteceu após questionamentos e críticas feitas pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP). O deputado questionou Fernando Haddad sobre o posicionamento do governo em relação a aumento da arrecadação por meio da alta de impostos. Kataguiri se referiu ao fim da isenção para compras em sites internacionais de até US$ 50.
O ministro da Fazenda reagiu e respondeu que é necessário um tempo maior para o governo se posicionar sobre a retomada do imposto federal sobre as compras internacionais. Para Haddad, a indagação de Kim Kataguiri seria uma forma de tentar “ideologizar” a discussão.
“Pega o microfone e fala mal do Tarcísio de Freitas, [governador de São Paulo]. Fala! O varejo brasileiro é honrado, feito de empresário honrado, a indústria é honrada. As pessoas que mandaram esse documento para nós são honradas, merecem ser ouvidas. Feche a porta para ouvir e parar de lacrar na rede”, rebateu Fernando Haddad.
O ministro aproveitou a audiência pública para destacar que a parceria entre Executivo e Legislativo “está funcionando bem”. Segundo ele, apesar das críticas, o país não está vivendo uma situação de tudo ou nada na economia.
“Se a política fiscal e monetária se combinarem, vamos crescer tranquilamente, sem inflação”, destacou Haddad, dizendo ainda que a economia brasileira está gerando empregos com baixa inflação e que os ruídos sobre a política econômica do governo vão desaparecer.
“Esses ruídos foram patrocinados, não são reais. Tem interesses por trás disso”, disse, destacando que os principais indicadores de inflação e desemprego no país estão positivos.
“A impressão que dá é que tem um fantasminha fazendo a cabeça das pessoas e prejudicando o nosso plano de desenvolvimento”, concluiu Haddad.
Fonte: Bahia Notícias