O miliciano Adriano da Nóbrega, morto em operação policial na Bahia, passou a integrar um grupo de contraventores no Rio de Janeiro no mesmo ano em que foi defendido publicamente pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Na mesma época, o ex-capitão da PM também foi homenageado pelo filho do presidente, o hoje senador Flávio Bolsonaro.
De acordo com reportagem da Folha, publicada hoje (29), a informação está em depoimento, do ano de 2008, prestado pelo pecuarista Rogério Mesquita, ex-colaborador do grupo de Waldemiro Paes Garcia, o Maninho, um dos chefes do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis no Rio.
O ex-capitão recebeu a medalha Tiradentes de Flávio em junho de 2005 e foi defendido por Jair em discurso na Câmara em outubro do mesmo ano.
“Isso [homenagem] aconteceu há 15 anos atrás. As pessoas mudam. Para o bem ou para o mal”, declarou o presidente há duas semanas.
Flávio Bolsonaro também deu uma justificativa semelhante: “Condecorei o Adriano há mais de 15 anos. Como posso adivinhar o que ele faz de certo ou errado hoje?”.
No entanto, em entrevista ao jornal “O Globo”, o vereador Ítalo Ciba (Avante) disse que Flávio visitou Adriano “mais de uma vez” quando o ex-capitão esteve preso, entre os anos de 2004 a 2006. Ciba também estava detido em razão de outro homicídio. O vereador integrava a mesma guarnição do ex-capitão.
Na ocasião, Adriano estava preso acusado de matar o guardador de carros Leandro dos Santos Silva, em novembro de 2003. O então policial foi condenado no Tribunal do Júri em outubro de 2005, porém conseguiu recurso para ter um novo julgamento, foi solto em 2006 e absolvido um ano depois.
Bolsonaro costuma minimizar o caso e afirmar que Leandro tinha envolvimento com o tráfico, mas o guardador de carros foi morto após denunciar policiais por extorsão. (Metro1)