Embaixada dos EUA diz que só reconhece “dois sexos imutáveis” ao responder sobre visto de Erika Hilton

Deputada afirma que documentos brasileiros foram desconsiderados e cobra resposta do governo diante do que classifica como violação de direitos e soberania

Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) usou as redes sociais nesta quarta-feira (16) para criticar o governo dos Estados Unidos, após ter seu gênero registrado como masculino durante a emissão de um visto diplomático.

O documento foi solicitado para viabilizar sua participação na Brazil Conference, evento acadêmico realizado na Universidade de Harvard e no MIT.

Segundo Erika, mesmo apresentando todos os documentos brasileiros retificados e em conformidade com a legislação nacional, a embaixada norte-americana emitiu o visto com a informação incorreta sobre seu gênero. A parlamentar classificou o episódio como uma violação de direitos e um desrespeito à soberania brasileira.

“Sim, é verdade. Fui classificada como do ‘sexo masculino’ pelo governo dos EUA. Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas”, declarou a deputada.

Erika lembrou que, em 2023, havia obtido visto diplomático sem problemas, com o reconhecimento da sua identidade de gênero. Segundo a parlamentar, a mudança teria ocorrido após a assinatura de um decreto pelo ex-presidente Donald Trump, em janeiro deste ano, que restringe o reconhecimento oficial de gênero a apenas masculino e feminino com base no sexo biológico.

A deputada também defendeu uma resposta institucional do governo brasileiro diante do que considera uma afronta aos documentos nacionais e aos direitos das pessoas trans. “No fim do dia, sou uma cidadã brasileira, e tenho meus direitos garantidos e minha existência respeitada pela nossa própria constituição, legislação e jurisprudência”, afirmou.

A parlamentar classificou o episódio como “uma situação de violência” e reiterou a necessidade de que o Brasil manifeste oficialmente seu repúdio ao ocorrido. Até o momento, o governo brasileiro e a embaixada dos Estados Unidos no país não se pronunciaram sobre o caso.

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