Estudo revela que cães sentem o estresse humano – e ficam tristes com isso

Pesquisa das universidades de Bristol e Cardiff mostra como o cheiro do cortisol influencia o comportamento dos cães.

 Justin Paget / Foto: Getty Images/Reprodução

Chegou estressado do trabalho? Seu cãozinho provavelmente vai perceber. Um novo estudo demonstrou que o melhor amigo do homem (e da mulher) consegue literalmente sentir o cheiro do estresse humano – e reage negativamente ao estímulo, ficando mais cauteloso e “pessimista”.

O estudo foi realizado por pesquisadores das universidades de Bristol e de Cardiff, no Reino Unido, e publicado na revista Scientific Reports. Segundo o artigo, os cachorros conseguem farejar os altos níveis de cortisol no suor humano – um hormônio que é liberado em situações de estresse.

No teste, participaram 18 cachorros de raças variadas, além de seus donos e 11 voluntários humanos desconhecidos para os bichos. Os voluntários passaram por uma atividade considerada estressante – primeiro, improvisaram e recitaram um discurso; depois, resolveram um problemão de matemática.

Após essa atividade, os voluntários passaram por uma sessão de relaxamento, que envolvia sentar-se em um puff confortável enquanto assistiam a vídeos relaxantes da natureza. Durante ambos os cenários, amostras de suor dos voluntários foram coletadas.

Enquanto isso, os cachorros participaram de uma experiência distinta. Os pesquisadores ensinaram os 18 cães que um pote em um local específico sempre tinha uma guloseima, enquanto outro pote, em um ponto oposto, estava vazio. Em pouco tempo, os cães aprenderam o padrão e começaram a ir diretamente ao pote cheio.

Os cientistas, então, mudaram o cenário, colocando apenas um pote no centro entre os pontos X e Y. Essa situação ambígua deixava os cães incertos sobre a presença de comida.

Caso o cachorro decidisse rapidamente checar o pote, essa atitude era considerada “otimista”. Se ignorasse ou se aproximasse lentamente, prevendo que estaria vazio, a abordagem era classificada como “pessimista”. Cães otimistas mostravam-se mais entusiasmados, enquanto os pessimistas ficavam mais tristes e reservados.

Os pesquisadores apresentaram as amostras de suor aos cães e repetiram o teste dos potes. Os resultados mostraram que, quando expostos aos cheiros de pessoas estressadas, os cães tinham menores chances de verificar se o pote ambíguo tinha comida, demonstrando um comportamento mais “pessimista”. Já as amostras de pessoas relaxadas não apresentaram diferenças em relação aos testes realizados sem amostras.

O estudo conclui que estar próximo de pessoas estressadas torna os cãezinhos mais “pessimistas” e deprimidos, mesmo que não conheçam os humanos das quais as amostras foram coletadas.

Pesquisas anteriores já mostraram que os cães têm a capacidade de detectar altos níveis de cortisol, mas esta é a primeira análise que investiga como isso afeta as emoções dos animais.

“Entender como o estresse humano afeta o bem-estar dos cães é um ponto importante para cães em canis e para o treinamento de cães de companhia e com funções, como cães de assistência médica”, afirma Nicola Rooney, professora na Bristol Veterinary School e autora do estudo.

por Bruno Carbinatto / Superinteressante

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