Famílias estão menos endividadas e mais cautelosas com gastos, diz pesquisa

Diminuição de inadimplência traz alívio temporário, mas especialistas alertam para novo aumento a partir de março

Foto: Getty Images

Uma pesquisa realizada a pedido da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada na última quinta-feira (6), mostrou uma melhora no endividamento das famílias brasileiras.

Em janeiro, 76,1% das famílias tinham dívidas, uma queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e 2 pontos percentuais a menos em comparação ao mesmo período de 2024.

Apesar do alívio momentâneo, a CNC estima que o endividamento volte a subir nos próximos meses, encerrando o ano com 77,5% das famílias endividadas e 29,8% inadimplentes.

A professora Danieli Silveira conseguiu sair do endividamento ao adotar medidas rigorosas, como evitar parcelas e priorizar compras à vista. “Estou me policiando para consumir de forma saudável. Não quero passar por isso novamente”, afirma.

No entanto, a realidade não é igual para todos. O técnico em logística Cesar (nome fictício) enfrenta dificuldades para pagar suas dívidas após o afastamento da esposa, enfermeira, que está em tratamento contra um câncer desde o final de 2023. Com financiamentos e despesas no cartão de crédito acumuladas, ele buscou o Procon paulista para negociar melhores condições. “Minha maior preocupação é com a saúde mental da minha esposa e da família”, desabafa.

O cartão de crédito segue como a principal modalidade de crédito usada pelos consumidores, representando 83,9% do total de endividados. Em janeiro, 29,1% das famílias tinham dívidas em atraso, e 12,7% afirmaram que não conseguirão quitá-las. Embora esses índices tenham recuado desde dezembro, esta é a primeira queda na inadimplência desde julho de 2024.

O estudo revelou que, em média, as dívidas comprometem 30% da renda familiar. As famílias que ganham até três salários mínimos foram as únicas que apresentaram aumento no percentual de endividamento, com 18,4% sem condições de pagar suas dívidas.

Mesmo com a leve melhora nos índices, a CNC prevê uma tendência de alta nos próximos meses. A recomendação para os consumidores é evitar o uso do crédito de forma descontrolada e buscar renegociações em caso de dificuldades financeiras.

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