A segunda pesquisa Ibope sobre a eleição para a Prefeitura do Rio, divulgada na última quinta-feira, também identificou as intenções de votos por sexo, idade, renda, escolaridade, religião e raça/cor. O maior destaque desde a última consulta, no dia dois de outubro, foi o crescimento de Eduardo Paes (DEM) entre os eleitores menos escolarizados e mais pobres, ultrapassando Marcelo Crivella (Republicanos) no primeiro segmento.
Entre os eleitores que estudaram até o ensino fundamental, Paes estava três pontos percentuais atrás de Crivella. Agora, mostrou um avanço, dobrando o índice anterior e se isolando na liderança com 34% das intenções de votos. O atual prefeito perdeu 7 pontos percentuais, totalizando 13% das intenções de voto. Benedita da Silva (PT) e a Delegada Martha Rocha (PDT) tiveram variações dentro da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos e acabaram com 9 e 6% das intenções de voto.
Com os eleitores divididos por renda, Paes também melhorou os índices quando comparado à última pesquisa e segue isolado na liderança. Dos eleitores consultados com até um salário mínimo, 29% pretendem votar no candidato do Democratas, representando um crescimento de 9 pontos percentuais. Crivella se manteve na segunda colocação, mas perdeu cerca de 3% das intenções de voto, caindo de 13 para 10% e aparece empatado tecnicamente com Martha Rocha e Benedita da Silva. Desde a última consulta sobre intenções de votos as candidatas inverteram posições: a petista subiu de 8 para 9 pontos percentuais, ultrapassando a delegada que perdeu 3 pontos e totalizou 8% das intenções de voto.
Crivella perde espaço, mas segue na frente entre evangélicos
Com vários candidatos na disputa pelo eleitorado evangélico, a disputa segue mais fragmentada do que nas eleições de 2016, quando Crivella uniu quase 80% do eleitorado evangélico no segundo turno contra Marcelo Freixo (PSOL). No cenário atual, o atual prefeito, sobrinho do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, caiu dois pontos percentuais, ficando com 24% das intenções de voto, mas permanece na margem de erro.
Benedita da Silva, que também é evangélica, foi a que mais conquistou eleitores evangélicos desde a última pesquisa: subiu de 3 para 9 pontos percentuais, mas permanece em quarto lugar. A petista está empatada tecnicamente com Martha Rocha, que subiu dentro da margem de erros para 11% das intenções de voto. Esse é o único segmento que Eduardo Paes perde para Crivella: ele caiu um ponto, conquistando 16% do público evangélico e segue isolado em segundo lugar.
Para o cientista político Felipe Borba, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), o eleitorado que votou maciçamente em Crivella em 2016 vem demonstrando resistência à reeleição. Segundo o especialista, a avaliação sobre a primeira gestão deve pesar mais do que o pertencimento ao mesmo grupo social, o que pode ser um indício para explicar o crescimento de Benedita.
— Ser da mesma religião não significa entregar um cheque em branco. O eleitor evangélico também espera soluções práticas para os problemas do dia a dia. Se eles avaliam que o prefeito não desempenhou bem as suas funções, ele pune nas urnas. O aumento da Benedita pode ser uma resposta, mas é preciso observar as próximas sondagens para saber se é uma tendência.
Borba também destacou o avanço de Paes sobre eleitores menos escolarizados e mais pobres. De acordo com ele, a pesquisa do início de outubro indicando que 78% dos eleitores desaprovam a forma como Crivella administra a cidade, revela que existe um limite até mesmo entre os votos cativos.
— No contexto atual, Eduardo Paes herda os votos desse eleitor que avalia a gestão como ruim ou péssima. Por ser um político conhecido e que possui um histórico de boa gestão quando prefeito, estão punindo a má administração de Crivella e voltando para uma espécie de “porto seguro”, representado pelo Paes.
Os indecisos ainda estão concentrados entre os eleitores com mais de 55 anos, os menos escolarizados e mais pobres. Apesar do número geral de pessoas que não souberam ou não responderam a pesquisa ter caído para 5%, esses três segmentos seguem acima da média, com 7% sem candidato definido.
A pesquisa ouviu 1.001 eleitores de 13 a 15 de outubro e foi registrada na Justiça Eleitoral com o número RJ-09221/2020. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e o nível de confiança é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. (Extra)