Oito jumentos foram sacrificados em Canudos, no sertão da Bahia, e o mesmo vai acontecer com mais um animal na próxima terça (4). O motivo é de causar preocupação: os nove animais foram contaminados com mormo, uma zoonose infectocontagiosa que atinge equídeos e que pode ser transmitida ao homem. Para o animal, não há vacina, nem cura. Em humanos, pode causar pneumonia e infecções mais graves.
O registro da doença em nove jumentos, que foram encontrados em um confinamento ilegal na zona rural de Canudos, foi confirmado pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão ligado ao governo do estado, que emitiu nota técnica no dia 27. Outros cinco animais tiveram resultados positivos para Anemia Infecciosa Equina, conhecida como “febre do pântano”, causada por um retrovírus e transmitida por insetos sugadores de sangue.
“Já fizemos os exames de todos os outros animais e o resultado para mormo deu negativo, então não há risco de a contaminação se espalhar por conta do foco. Todos os animais estão isolados por tempo indeterminado. O local está interditado”, afirmou o diretor de Defesa Animal da Adab, Rui Leal.
Os animais seriam abatidos em frigoríficos de Amargosa e Itapetinga, no Centro-Sul da Bahia, com vistas à exportação de carne e couro para a China. Eles estavam confinados junto com outros 694 animais, numa propriedade em Canudos.
A Adab, que é responsável pela fiscalização, iniciou uma investigação sobre a origem dos jumentos doentes. Até o momento, já se sabe que eles vieram de estados como Pernambuco, Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará. Os animais chegaram à Bahia em transporte clandestino, em viagens realizadas à noite.
O caso foi abordado esta semana pelo deputado estadual Tiago Correia (PSDB). “É triste ver a incidência de doenças infectocontagiosas em nosso estado. A Bahia, em breve, se tornaria área livre do mormo e, com esta notificação, abre-se novamente o prazo de três anos para que possa ser pedido esse certificado. Os prejuízos são enormes. Tanto a realização de eventos quanto o comércio de cavalos ficam prejudicados”, afirmou.
A Bahia não registrava casos de mormo desde 2013, informou a Adab. No entanto, o Ministério da Agricultura, que acompanha o caso, informou que não há estados livres da doença no Brasil. Em setembro de 2015, o Departamento de Saúde Animal do órgão apresentou dados da doença no país e apontou que houve quatro casos na Bahia em 2013, sete casos em 2014 e um em 2015, até agosto.
A doença
O mormo é uma doença infectocontagiosa dos equídeos, causada pela bactéria Burkholderia mallei. Ela pode infectar outros animais, como felinos, além do homem. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), no entanto, informou que não há histórico de mormo em humanos no estado.
Procurado, o Ministério da Saúde não comentou o assunto. O CORREIO, no entanto, acessou as condutas para vigilância epidemiológica de casos suspeitos de mormo, do próprio órgão, que apontam que os casos da zoonose em humanos são raros em todo o mundo. Apesar de ser capaz de provocar infecções generalizadas, que costumam levar à morte, a doença pode ser tratada com antibióticos.
Nos animais, não há cura e eles precisam ser sacrificados. Depois, têm o corpo incinerado. Todos os funcionários que estão cuidando dos jumentos em Canudos estão usando equipamentos de proteção individual.
O caso foi abordado esta semana pelo deputado estadual Tiago Correia (PSDB). “É triste ver a incidência de doenças infectocontagiosas em nosso estado. A Bahia, em breve, se tornaria área livre do mormo e, com esta notificação, abre-se novamente o prazo de três anos para que possa ser pedido esse certificado. Os prejuízos são enormes. Tanto a realização de eventos quanto o comércio de cavalos ficam prejudicados”, afirmou.
A Bahia não registrava casos de mormo desde 2013, informou a Adab. No entanto, o Ministério da Agricultura, que acompanha o caso, informou que não há estados livres da doença no Brasil. Em setembro de 2015, o Departamento de Saúde Animal do órgão apresentou dados da doença no país e apontou que houve quatro casos na Bahia em 2013, sete casos em 2014 e um em 2015, até agosto.
A doença
O mormo é uma doença infectocontagiosa dos equídeos, causada pela bactéria Burkholderia mallei. Ela pode infectar outros animais, como felinos, além do homem. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), no entanto, informou que não há histórico de mormo em humanos no estado.
Procurado, o Ministério da Saúde não comentou o assunto. O CORREIO, no entanto, acessou as condutas para vigilância epidemiológica de casos suspeitos de mormo, do próprio órgão, que apontam que os casos da zoonose em humanos são raros em todo o mundo. Apesar de ser capaz de provocar infecções generalizadas, que costumam levar à morte, a doença pode ser tratada com antibióticos.
Nos animais, não há cura e eles precisam ser sacrificados. Depois, têm o corpo incinerado. Todos os funcionários que estão cuidando dos jumentos em Canudos estão usando equipamentos de proteção individual.
Isolados
Na cidade, os jumentos estão numa fazenda alugada para confinamento ilegal na fronteira com Euclides da Cunha. Os animais foram encontrados no final de janeiro pela Adab e pela prefeitura de Euclides da Cunha, que relatou que os animais estavam em situação de maus-tratos e morriam de fome e sede.
Hoje, de acordo com a Adab, há 415 jumentos no local. Os outros morreram devido a uma doença metabólica sem cura e desenvolvida por causa dos maus-tratos. A fazenda, por conta dos casos de mormo e febre do pântano, foi interditada pela Adab e Ministério da Agricultura.
Os jumentos mortos foram enterrados numa vala profunda em local distante de fonte de água e dos outros animais, que já passaram por exames, com resultados negativos para mormo e febre do pântano. Eles ficarão isolados por 90 dias.
A tutela dos jumentos está com ONGs de defesa e proteção dos animais, mas por decisão da Justiça Federal, de março deste ano, é a União e o governo da Bahia que devem garantir todo tipo de assistência aos animais, como saúde, alimentação e abrigo.
Estado de alerta
Devido ao problema em Canudos, os 22 postos de fiscalização da Adab na fronteira da Bahia com outros estados estão em alerta total, segundo Rui Leal. Ele disse que os animais entraram na Bahia por meio de transporte clandestino – levados em carrocerias sem a GTA – guia que atesta origem e sanidade do bicho.
“Esse tipo de transporte, geralmente, é feito à noite e durante a madrugada. Estamos atentos quanto às denúncias que recebemos sobre o assunto e averiguando as informações”, afirmou Leal.
Coordenadora da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, a advogada Gislane Brandão declarou que a contaminação por mormo resulta da autorização para abate.
“Os animais foram transportados de um canto para o outro sem critérios e o mormo se espalhou. Estamos providenciando um documento sobre o caso. Além da maldade dos maus-tratos, há a irresponsabilidade com as barreiras sanitárias. O abate tem que ser proibido definitivamente”, disse.
O Ministério da Agricultura informou que “as medidas de defesa sanitária animal preconizadas na legislação federal vigente foram adotadas pelo Serviço Veterinário Oficial da Adab, no sentido de sanear completamente o foco”.
Abate atende ao mercado chinês
A Bahia é o único estado do Brasil com autorização do Ministério da Agricultura para abater jumentos. O objetivo é atender ao mercado chinês, onde se extrai da pele e couro do animal uma substância usada para fazer o ejiao, remédio tradicional que promete combater o envelhecimento, aumentar a libido nas mulheres e reduzir doenças do órgão reprodutor feminino.
No caso dos jumentos com mormo no estado, eles iriam para abate em frigoríficos de Amargosa e Itapetinga, que vinham recebendo os animais por parte de uma empresa chinesa, a Cuifeng Lin, multada por diversas vezes por autoridades ambientais da Bahia, devido a casos de transporte ilegal e maus-tratos aos jumentos.
Mesmo com autorização do Ministério da Agricultura, os abates na Bahia estão proibidos por decisão liminar da Justiça Federal, ainda em vigor, dada em 30 de novembro de 2018 pela juíza Arali Maciel Duarte, da 1ª Vara Federal, em Salvador. Outra decisão também liminar, da Justiça Federal de São Paulo, emitida em dezembro de 2018, proíbe os abates no Nordeste.
Nos dois casos, as proibições ocorreram após casos de maus-tratos registrados pel Polícia Civil e pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) – ambas ligadas ao governo do estado -, com centenas de animais mortos de fome e sede em Itapetinga e Itororó.
A chefe do Serviço de Saúde Animal da Superintendência do Ministério da Agricultura na Bahia, Márcia Alves, informou que a exportação de carne, pele e derivados de equídeos, bem como de animais vivos, depende das exigências sanitárias do país comprador.
Segundo ela, o fato de um foco de mormo ter sido confirmado em determinado estado não quer dizer que ele ficará proibido de manter relações comerciais. “O que não pode ter é comércio ou transporte com os animais que estão no foco de contaminação. Estes, sim, não podem entrar e nem sair do local”, disse.
Criadores cobram rigor na fiscalização
A confirmação de mormo na Bahia gerou preocupação entre criadores de jumentos da raça pêga, animal que no mercado de equinos chega a valer até R$ 100 mil. Entidades de defesa dos direitos dos animais e criadores de jumentos cobraram maior rigor da Adab na fiscalização com relação à entrada de animais na Bahia.
A Associação Brasileira de Criadores de Jumento Pêga (ABCJPêga) declarou que já dá como certo o impacto negativo na comercialização do plantel baiano, hoje em 5.588 jumentos – segundo maior rebanho do Brasil, que possui 36.318 animais dessa raça. O estado líder é Minas Gerais, com 15.786 bichos.
A ABCJPêga informou que em reunião recente com o Ministério da Agricultura já tinha sido alertada da possibilidade de mormo na Bahia por conta dos abates de jumentos que vinham ocorrendo e dos casos de maus-tratos.
“Com a confirmação, é certo que haverá prejuízo na comercialização do setor”, disse o superintendente da entidade, Samuel Andrade Pinto, que é veterinário.
Ele informou que nos eventos que a associação realiza no Brasil tem sempre exigido que todos os animais tenham exames negativos de doenças como mormo, febre do pântano e que estejam vacinados contra o vírus Influenza. A entidade espera mais rigor da Bahia na fiscalização no trânsito de animais.
A notícia gerou preocupação no criador Sálvio Neris de Andrade, um dos 35 criadores de jumento pêga na Bahia – ele é dono do Haras Ypiranga, em Itororó, onde cria 160 animais.
“Ter um foco dessa doença na Bahia é um fator de muita preocupação, porque ele pode se espalhar. O que esperamos é que o governo tome as medidas sanitárias com a maior responsabilidade possível”, disse.
Andrade informou que esse mês enviou 40 animais para os Estados Unidos, um macho e 39 fêmeas, “todos com os devidos documentos atestando resultado negativos para doenças”. “Não sei se eles soubessem desse foco no estado se iriam querer comprar os animais. Por mais que seja uma questão individual e que consigamos provar que nosso plantel está livre de doenças, a confirmação do foco acaba sendo um fator negativo na negociação”, comentou.
(Correio24h)