Mudança climática acelera aumento exagerado da dengue na Bahia, adverte infectologista

Foto: Reprodução / Centro Estadual de Vigilância em Saúde
Foto: Reprodução / Centro Estadual de Vigilância em Saúde

A escalada de dengue na Bahia em 2019 atingiu impressionantes 51.595 casos suspeitos. O número é 626,2% maior que o registrado no mesmo período de 2018: foram 7.104 suspeitas da doença entre janeiro e julho do ano passado. Os dados são da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Em número de mortes, a dengue já vitimou 25 pessoas com diagnóstico comprovado. Outros 11 óbitos estão em investigação.

Para o infectologista Robson Reis, uma das razões para o aumento exagerado dos casos de dengue são as mudanças climáticas que interferem no tempo. Sol e chuva alternados é a combinação que as larvas do Aedes Aegypti precisam para se multiplicar. “A gente está em uma época do ano que é caracterizada por chuvas, mas o que é que a gente tem visto? Uma alternância de temperatura. Dias quentes e dias frios. Com sol e chuva a todo o tempo, as larvas se desenvolvem mais rápido. Elas podem ficar meses em um local. Quando vem a chuva e depois o calor, o ciclo de desenvolvimento da larva para o mosquito acaba sendo mais acelerado”, explica.

O médico lembra que a água parada, limpa ou suja, mesmo em uma tampa de bebida, é um criadouro em potencial. Em relação a Feira de Santana, que teve o maior número de casos prováveis, 11.483, o infectologista disse que uma hipótese seria o fato de o município ser porta de entrada de pessoas de outros lugares, o que pode trazer casos importados. “Há um fator específico porque a cidade é um entroncamento onde passam pessoas de vários lugares”, especulou. Em relação aos casos de dengue deste ano, o especialista informa que há um novo tipo de vírus em circulação. Assim, quem já teve dengue transmitida por outro vírus pode adoecer de novo pela doença.

“Existem quatro tipos de vírus: D1, D2, D3 e D4. A pessoa pega uma vez cada tipo de vírus. Assim quando aparece um novo vírus, as pessoas que tiveram dengue podem pegar de novo a doença”, acrescenta. Para o médico, a melhor forma de combater o mosquito Aedes Aegypti é indo na fonte. “Não adianta isso de ‘vamos sair em caça ao mosquito’. Usar inseticida, comprar raquete, pode funcionar dentro de casa, mas como estratégia geral para a população o que vale mesmo é combater os criadouros. Fazer campanhas de conscientização para as pessoas não deixarem água parada, tampar caixas d’água, investir nessa educação”, orienta.

As campanhas são a principal frente contra o Aedes enquanto ainda não há uma vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Apenas na rede privada existe uma vacina para dengue, mas ainda não é um consenso na área, além de não ser indicada para crianças e idosos. O médico reforça para cuidados simples, que vão de uso de repelente, camisas de manga comprida, principalmente no final da tarde, momento em que os mosquitos mais picam, além de mosqueteiros e telas.

Vale lembrar que os sintomas da dengue são febre alta, dores no corpo, nas articulações e na cabeça, além de mal estar. A doença dura em média sete dias. No entanto, o médico adverte que no quinto dia, o paciente deve redobrar os cuidados, porque pode haver recaída e a doença se agravar, com sangramento [a antiga dengue hemorrágica]. Líquido, repouso e medicação para controlar a dor [paracetamol e dipirona], exceto anti-inflamatório. (Bahia Notícias)

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