PM atende média de oito ocorrências de violência contra a mulher por dia em Feira de Santana

Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Uma audiência pública debateu, nesta segunda-feira (25), o feminicídio e a violência contra as mulheres em Feira de Santana. O evento foi realizado no auditório da Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana (Acefs) e foi organizado pelo deputado federal Zé Neto e pelo deputado estadual Robinson Almeida, ambos do PT. Também estiveram presentes representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, das Polícias Civil e Militar, além de movimentos sociais de mulheres.

Segundo dados apresentados durante a audiência, a cada três horas, uma mulher é vítima de violência em Feira de Santana; a maioria dos crimes tem como vítimas mulheres entre 25 e 40 anos; sexta, sábado e domingo representam os dias de maiores índices de violência contra a mulher.

O comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), coronel Luziel Andrade, informou que a PM em Feira de Santana atende a oito ocorrências por dia, sendo que destas oito, apenas quatro efetivamente são conduzidas a delegacia, pois, conforme explicou, quando a viatura chega, as mulheres preferem não dar queixa dos maridos achando que eles vão ficar presos, ou ficam com medo.

Bairros

Os bairros de Feira de Santana com maior número de ocorrências de violência contra a mulher, segundo a Polícia Militar são: Mangabeira, Asa Branca, Campo Limpo, Tomba e Feira V. Os números são referentes a este ano.

A delegada Clécia Vasconcelos, titular da Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher (Deam), afirmou que o número de feminicídios em Feira de Santana não é tão alto. Segundo ela, este ano foi registrado um e no ano passado também houve poucos registros. A delegada informou ainda que o total de atendimentos registrados na Delegacia da Mulher no ano passado foi 371. Porém ela destaca que esse número não reflete a violência contra a mulher em Feira já que muitas vítimas ainda não denunciam o agressor.

“Estudos comprovam que a cada mulher que denuncia, quatro deixaram de fazer a queixa, então a gente sabe que o número de ocorrência não retrata fielmente a realidade, mas já é um indício. Este ano até o último dia do mês de fevereiro, nós temos 571 ocorrências, então considerando que março tem 31 dias, isso nos dar um prognóstico de que 2019 terá mais registros que no ano anterior”, avaliou.

A delegada Clécia destacou ainda que muitos pedidos de medida protetiva têm sido deferidos em Feira de Santana. Ela afirma que a Ronda Maria da Penha é uma aliada na luta da violência contra a mulher e que Feira de Santana tem uma rede de proteção atuante e sincronizada.

O deputado federal Zé Neto afirmou que é importante sustentar o trabalho de prevenção e combate a violência contra a mulher. Segundo ele, é necessário melhorar a questão das denúncias e também a estrutura policial para colaborar ainda mais no combate e prevenção a violência contra a mulher.

“Conversando com Robinson Almeida, fizemos essa audiência pública, chamamos o aparato todo da Polícia Civil, Militar, convidamos o Ministério Público, convidamos a Defensoria, convidamos a sociedade organizada também para participar. Estamos aqui nesse instante dando o nosso passo, a nossa contribuição e vamos ver onde podemos colaborar na estrutura do estado para que a gente possa ter mais condição de enfrentar esse problema. Acho que é hora de congraçamento, está na hora de todo mundo se reunir em torno do problema e colaborar, as mulheres estão evoluindo, estão se empoderando e os homens têm que respeitar”, destacou.

O deputado estadual Robinson Almeida destacou que já existe na Bahia uma rede de delegacias especiais implantadas, assim como a Ronda Maria da Penha, que, segundo afirmou, é um instrumento importante que realiza blitz nas casas onde têm mulheres com medidas protetivas para flagrar eventuais transgressões por parte dos homens.

“Nós estamos vivendo uma situação muito delicada, que é o aumento da violência contra as mulheres, violência que se dá muito no ambiente doméstico, violência caracterizada por familiares, ex-companheiros, atuais companheiros que não aceitam a autonomia das mulheres de estarem no mercado de trabalho, de terem direito de dizer o que querem, de negar um relacionamento e isso se traduz em violência física, espancamentos e mortes. É preciso denunciar, é preciso resistir, é preciso criar também instrumentos de proteção as mulheres”, afirmou.

Casos de estupro

A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, Clécia Vasconcelos, falou ainda sobre os casos de estupro em Feira de Santana. Segundo ela, no ano passado foram registrados 53 casos e este ano, até o final do mês de fevereiro, foram sete registros. A delegada ressaltou que esse tipo de crime normalmente não ocorre no ambiente doméstico e sim na rua enquanto a mulher é transeunte.

“O perfil é sempre ocasional. Tem aquele indivíduo que é contumaz, que reiteradamente consegue praticar esse tipo de crime, mas também tem aquele indivíduo que está saindo para perpetrar crime contra o matrimônio e aproveita para violentar mulheres. A faixa etária dessas mulheres vítimas é variável, mas entre 20 e 30 anos são preferencialmente os alvos”, informou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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