Redução de atividades aumenta casos de trombose e leva pessoas sem Covid ao hospital

Foto: Reprodução/GettyImages

Parte da longa lista de complicações possíveis da Covid-19, a trombose também tem levado pacientes sem a infecção pelo coronavírus às unidades de saúde em meio à quarentena. O angiologista Sergio Possídio faz um alerta para o aumento de casos associados à formação de coágulos, e os relaciona com a redução de atividades físicas, já que as pessoas têm passado mais tempo em casa.

A trombose ocorre quando há formação de um coágulo em um vaso sanguíneo, que bloqueia o fluxo de sangue e causa inchaço e dor na região. O especialista explica que existe a possibilidade do problema evoluir e causar uma complicação chamada embolia pulmonar, que pode ser fatal.

Além da pandemia, o tema veio à tona desde que a cantora Anitta foi diagnosticada com trombose na perna direita. O caso foi citado pelo médico que o usou como exemplo.

“[A trombose] é mais frequente nas veias, e a ocorrência mais comum é a venosa profunda, e dessa trombose venosa profunda a mais frequente é dos membros inferiores”, disse o médico, ao explicar que a incidência da doença é de 60 casos para cada 100 mil habitantes.

O problema, de acordo com o médico, pode ser evitado com a ajuda de boas práticas de saúde. Alguns fatores de risco também podem ser “excluídos”. “É importante que as pessoas, na medida do possível, mantenham algum grau de atividade aeróbica em suas casas”, sugeriu o especialista.

Entre os fatores de risco para a doença estão a gestação, tabagismo, obesidade, uso de anticoncepcional e fatores encontrados na chamada “Tríade de Virchow”. Sergio Possídio explica que eles são a estase venosa, que é a diminuição da velocidade do sangue nas veias; a hipercoagubilidade, que se trata da alteração nos fatores de coagulação; e o trauma epitelial.

O fator que tem levado pacientes a apresentarem a doença em meio à quarentena pode ser explicado com a redução da velocidade de circulação do sangue nas veias. “No caso da Covid-19 convivemos com o isolamento social prolongado e as pessoas reduziram o nível de atividades diárias, caminhadas, e isso leva a um aumento da estase”, associou Possídio.

O médico trabalha com a hipótese de que em casa as pessoas ficam mais tempo sentadas e deitadas, o que torna mais “difícil” o trabalho do sangue circular pelas pernas e chegar ao coração. “Uma das explicações para a maioria dos casos acontecer nas pernas é de que nos membros inferiores a gravidade ainda dificulta a chegada do sangue ao coração”, esclareceu. (BN)

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